Meditação

A LARGURA DO ÓCIO

os poemas dançam na encruzilhada de ideias generosas e fundamentais.

 

haja a presunção de raspar a severidade que enlambuza este lugar desengraçado.

 

as páginas mudam-se em lágrimas que ressumbram nas toalhinhas da consciência.

 

a caducidade dos sermões erigidos nas ruínas das cidades caprichadas.

 

haja uma albergaria onde se protejam os segredos sentimentais e se rotulem as leviandades.

A BANDEJA LACRIMAL

há poemas que transbordam de cansaço quando rodopiam desejos ignorados.

 

a mocidade desdobrou um sonho que percorreu o circuito da imperfeição.

 

os lugares onde a vilania estende as serpentinas da solidão e do desafeto.

 

o drama necessitou de metáforas arrebatadas que transmitissem clareza às encenações.

 

esconjurei todas as vergastadas numa biblioteca vagabunda.

Na estrada

A vida é uma escola na qual aprendemos...
Ensinamos, erramos, ouvimos e falamos
Também: choramos, falhamos, caimos, levantamos
Sorrimos, dançamos, pulamos e nos decepcionamos.
Crescemos e seguimos nossa estrada
Sempre buscamos melhorar em nossas caminhadas
Na estrada, pecamos e pedimos perdão de Deus
Tememos para com Ele
Respeitando, honrando e sermos digno de Tua palavra
Seguimos na estrada
Procurando melhorar a cada dia
Aprendermos a ser nossa melhor versão
A cada passar de verão, outono, primavera e inverno

TELHADOS ALGÉBRICOS

quando a desventura é grudada aos taipais da inconsciência.

 

a saudade une-se à pobreza para trinar cantigas exaradas pela dor.

 

há homens que se ausentam para lugares onde a paisagem é incompreendida.

 

quando as fragilidades possuem as compressas que o tempo emoldurou.

 

existem aspas que se esgueiram pelas ruas que a saudade projetou.

O TIMBRE PARDACENTO

procuro nas transfusões a lira que estrutura os meus anseios.

 

as irrisões e os tumultos que se criaram dos artifícios gerais ao real entendimento.

 

por onde circula a derivação majestática do abraço, algures perdida na longa caminhada?

 

recordo a mágoa de andar descalço por bermas privativas.

 

arquivei os meus deslumbramentos na ideia de me compreender.

 

 

REGATOS SINUOSOS

os teoremas têm o benigno objetivo de solucionar corrosivas desventuras.

 

invento palavras intrépidas contra o desconsolo da indiferença.

 

capturei as nódoas do sustento e o aparato habilidoso da representação.

 

os lampejos fátuos dos homens que revivificam a nostalgia.

 

emerge um corpo desnudado sobre as ondas fictícias que o pensamento elaborou.

 

 

os fundamentos da alma

há trombas d´água investindo nas tubagens adjacentes aos caminhos abandonados onde as palavras resultam dum ócio glorificado quando as pautas chilram cantigas e o vento as leva para as serranias da agudeza.

 

há discórdia sobre todos os pontos duma matéria bolorenta que cruza os semáforos da cidade para se afundar no rio da comiseração quando a imperícia se desvia para reflexões que traumatizam os que procuram resistir aos tormentos.

 

O VOO CREPUSCULAR

reduzo o balanço a imperiosos deveres e transversais leviandades.

 

transfiro-me para o lugar onde a fraude tem pruridos solidários.

 

a monotonia desloca o seu areal para a fronteira da imaginação.

 

estoirei o mural da apatia ao continuar por roteiros insalubres.

 

as palavras transitam para a razão que as estrutura em convicções.

ORDENAÇÕES POÉTICAS

as atoardas infiltram-se nos dizeres que brotam das leituras quotidianas.

 

a grosseria dos homens que se atolam nos seus próprios excrementos.

 

enxergo dentro dos copos toda a indigência do viver humano.

 

existem guerrilheiros contrafeitos reunidos a projetos fantasistas.

 

há um fervor na linguagem quando embebo referências corrosivas.

 

 

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