a janela impúbere
Autor: António Tê Santos on Monday, 8 May 2017a ligação dum antro às falas do garoto que transporta na mente antecipados fervores e solicitudes imprevistas que ornamentam os seus discursos e ressoam airosos no lugar do sofrimento.
a ligação dum antro às falas do garoto que transporta na mente antecipados fervores e solicitudes imprevistas que ornamentam os seus discursos e ressoam airosos no lugar do sofrimento.
um itinerário se apruma desde a raiz do sentimento até à energia daqueles que escapam às rotineiras efusões elaborando poemas que denunciam a famigerada sordidez.
Acordei...
O dia estava um silêncio
Mas o sol estava brilhando
Não havia vento nenhum
Mas o silêncio era imenso
Aos poucos se ia encaixando
O dia era como qualquer um
Eu estava um pouco ocioso
Aos poucos recuperando o fôlego
Um belo banho
Um café forte
Um sorriso no rosto
Alegria entrando
Me sentindo mais forte
Fui até o posto de gasolina
Comprei 10 litros...
Peguei minhas roupas todas
Eu já não fazia parte desse mundo
Botei fogo em todas
Com exceção das vestes brancas
as cicatrizes rechonchudas geradas pelos alores introduzidos nas quezílias; os traumatismos imberbes em refúgios que exploravam os adulterinos procedimentos; as náuseas reunidas aos mitos que sufragaram os cândidos amplexos.
os rumores desgrenhados acumulam uma bagagem que fratura as vitrinas existenciais gerando ideias arrancadas às sequelas costumeiras (as palavras cintilam quando arrepanham os contornos frígidos que elucidam).
as emoções transformaram anacrónicos impulsos em lugarejos poéticos: os meus relatos destaparam os reveses escondidos na selva bruta e os filamentos da minha liberdade granjearam aplausos corruptos na multidão.
acalento as danças que me mantêm no rebordo da inconsciência concebendo os provimentos que geram as intempéries (inspiro discursos que perduram para lá do chão conspurcado onde evoluo).
Elas queimam... ardem
inflamam a alma
são frutos podres dum passado
há mágoas dependuradas na escadaria das ideias: são bosquejos dum passado que contornam a agonia para assentarem nas miragens do lazer; são circunvoluções que registo para que o esmero trespasse os conceitos que estruturo.
espalho o meu odor sobre os naufrágios que silenciam os momentos da redenção capturando as ondas que se quebram nos rochedos da memória: são impulsões esquivas e perturbadoras que os meus sonhos edificam numa alegórica conjuntura.