Meditação

O CLARÃO ÉTICO

o infante traz consigo o bafio da paternidade interpondo-se entre ele e as suas prendas afetivas.

 

na textura humana apuram-se contingências que desesperam.

 

o fraseado das preleções gera diversas espécies de tédio.

 

quando o vulgar entendimento se transmuda em ideal.

 

as palavras libertam rumores aprovados pela consciência.

 

 

O VOO CREPUSCULAR

ressoei dilemas agitados em gaiolas sensitivas.

 

verto os enleios duma farsa junto ao sucesso desabrido.

 

aqueles que nos violentam quando se colocam no centro de conflitos amovíveis.

 

os sentimentos esvoaçaram contra as falésias aguçadas das ilusões.

 

persigo o ritmo dum sonho espancado por olhares carrancudos.

O TUGÚRIO ESCALAVRADO

guardei as façanhas dentro dos copos que vou tirando de prateleiras reforçadas.

 

as palavras que o sol vitima nas querelas e falácias rotineiras.

 

os danos que a indulgência transporta para o lado da sensaboria.

 

um poeta brusco escava brechas por onde repuxa a liberdade.

 

neste mundo sombreado relevo as palmas oprimidas pelo acinte e pela inveja.

 

 

O USURÁRIO MALDITO

as cócegas triviais das fantochadas solidárias.

 

há poemas e cansaços numa mescla projetada em angústias renovadas.

 

o vitupério alonga-se até à praia dos costumes onde desfalece sem ressonância.

 

sustento uma esdrúxula amizade num comboio que não chega a partir.

 

agito clavas na vizinhança duma terminologia façanhuda.

O TIMBRE PARDACENTO

sou daqueles que reprimem os impulsos que ecoam o silêncio malvado.

 

os cardos que no meu torso estampei pelos socalcos de dolorosas vocações.

 

as presunçosas adversidades dum homem emergindo das suas convicções

 

transporto na bagagem os esboços das ideias e as fraudes dos modelos que inspirei.

 

as palavras foram vívidas no meio das agruras que a cárie sublinhou.

 

O PASSADIÇO CRUEL

a jornada começa num lugarejo que acolhe no seu ventre um menino perturbado.

 

pelas narinas da sua solidão vaguearam excentricidades.

 

a lua parece um trompete quando ele concebe um jardim e o atira para o centro do mundo.

 

os bêbados inspiram-no quando introduzem cervejas no arquejo do sofrimento.

 

as suas lições são ministradas nos redondéis quando a instrução o pretende encegueirar.

 

 

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