a admirável metamorfose
Autor: António Tê Santos on Saturday, 28 January 2017a poesia gera a solidez das suas asserções: ao friccioná-la nascem ditames poéticos e os versos caem de arranha-céus como flores transcendentais.
a poesia gera a solidez das suas asserções: ao friccioná-la nascem ditames poéticos e os versos caem de arranha-céus como flores transcendentais.
nos lugares onde a morte balançou houve um exprimir de angústias que me incitaram a sufocar a fragilidade com pedaços dulcificados que eu capturei pelas frestas duma janela impúbere.
repuxo sentimentos extraviados numa imersa solidão que os transforma numa vaga de projetos na hora de grafar conceitos que excitam as essências.
as poéticas travessuras transportam até à superfície dísticos de singeleza: fremem na ousadia de estarem vivas enquanto os militantes da rotina não castigam as suas vertigens inusitadas.
Disseram-me que o tempo não pára.
Então eu quis confirmar:
Viajo em mim, agora
E descobro que a verdade d'outrora
Definhou
Até se apagar!
Desconfiada
abracei esse tempo
que parece se esgueirar
foge-me entre os dedos
por mais que o queira apanhar.
É como o jogo da apanhada
com a criançada a correr.
Ele foge e nós perdemos
até à hora de morrer...
Com os meus filhos tenho a sensação que não sou capaz de ser humilde. Valorizo o trabalho e a responsabilidade, o respeito e a tolerância... Mas, gosto quando eles ultrapassam barreiras, quando eles me surpreendem fazendo coisas que eu pensava que não estavam ao seu alcance.
quando a tempestade me faz voar é dum abrigo que preciso para com a concha da mão colher um desregrado míssil que me empurre para uma guerra solitária.
criei enredos que entregava às mágoas quando as advertências invalidavam a minha veleidade em tilintar o silêncio no isolamento imposto à imaginação: eram dissabores que eu trazia à superfície para camuflar as inquietações primordiais.