trinados íntimos
Autor: António Tê Santos on Friday, 4 November 2016o recreio é por uma foice mutilado, as máculas renovam os dias com borbotos que crescem longe dos presbitérios, os fervores cintilantes inflamam as náuseas que exprimem o destino.
o recreio é por uma foice mutilado, as máculas renovam os dias com borbotos que crescem longe dos presbitérios, os fervores cintilantes inflamam as náuseas que exprimem o destino.
O que é a vida?
É a subida da montanha por sendas misteriosas,
Entre árvores que abrigam e pedras que rolam?
Ou é a descida do caudal do rio,
Cortado por rápidos e correntes,
Que nos atiram contra pedras pontiagudas?
É o almejar atingir o cume iluminado,
Projetado no azul do céu,
Mas logo coberto de nuvens?
Ou é antever a foz e sonhar com o mar alto,
Que tanto nos liberta, como afoga?
É ver e cheirar flores campestres,
Crescendo em vales tranquilizantes?
há saracoteios que nos afagam para depois nos perfurarem com a espada das competências: os afetos são roídos pelo sustento e as mágoas crucificam a esperança para depois a sepultarem nos valados da solidão.
Porque apenas algumas pessoas visitam os seus ente queridos? Será uma questão de desrespeito, falta de tempo ou falta de coragem? Eu nunca reprimi quem nunca se dirigiu a um cemitério (Religião Cristã), quem nunca levou uma flor, uma vela, quem nunca levou o coração, uma lágrima. Há diferentes formas de reagir.
a sensibilidade é removida dos lugares habitados por bruxas e duendes atraves de deliberações amplas que sublimam a secura dos dias e as notívagas experiências.
Refestela agora…que por aí anda um anjo, cujo nome é tempo, que fornece complacências e depois vigia.
Refestela que esse tipo ri-se, ri-se, deitado à sombra de quem faz maneios do sofrer alheio…
Refestela já, que esse um tem bojo farto, fundo mesmo, onde guarda seus feitos e, a quem de direito, há-de premiar.
há ações de controlo assético num mundo que flui como uma jibóia asfixiando a brutidade.
escavo desejos que sobem à superfície como trinados íntimos; que perfuram ócios quando a inspiração é feita de lágrimas abrasadas.
Não sou alguém espiritual, sou espirito, alma disforme.
E nesta etapa estou encarregue de transportar este corpo que me representa e se manifesta a cada passo que dou.
A luz que trago nos olhos é o reflexo do que guardo dentro desta matéria. A carne é a genética que carrego, a herança de milhões de anos, de milhões de estrelas, e é meu dever honrá-la, sem nunca esquecer que antes de ser carne e osso, já existia.