páginas timbradas
Autor: António Tê Santos on Thursday, 25 August 2016subi penedias que ilustraram os rudimentos da minha vida: os dissabores dançaram à volta dos abusos e as brigas foram transportadas para um enxurdeiro.
subi penedias que ilustraram os rudimentos da minha vida: os dissabores dançaram à volta dos abusos e as brigas foram transportadas para um enxurdeiro.
o marginal ingressa nas vielas seguindo na esteira doutros que o antecederam ao inserir trastes grandes pelas ruas estreitíssimas: é bêbado e é mau mas possui um coração singelo.
tenho a duradoira missão de conspurcar a esperança com premissas francas e desencantadas mas recuo aos meandros da solicitude para afagar as almas bolorentas.
quem diz palavras que são flores mirradas na festarola dos sentidos? quem esfria os hábitos que empestam os palácios e as fortunas colocando na clausura os autos das injustiças?
o dístico da saudade está numa mancha que se estende desde uma ilha infantil: é feita de cristal e exterioriza-se nos estreitos lugares onde a devassidão avassalou.
os homens que se atrasam a restaurar os amplexos amorosos intentam adquirir lugares metafóricos onde se recriem facécias que destruam os murais do horror.
as rosas que ecoam são híper aromáticas e transportam a perícia em incrustar nas palavras o lume da razão; são rosas que esvoaçam na mente ao injetarem harmonias que diluem a tormenta.
ascendo os degraus da solicitude entre estrondosas representações arrastadas para uma cloaca encharcada pelos tinteiros dos poetas.
as reprimendas sofregamente se insinuam nos cômoros da virtude com réplicas que caducam a todo o momento; e os eremitérios lá longe vertem lágrimas divinas.