páginas timbradas
Autor: António Tê Santos on Saturday, 13 August 2016a opressão incentivou a fuga ao silêncio lendo romances ou entoando cantigas de amor: foi uma jigajoga que nos fez grandes quando a grandeza era uma promessa irrecusável.
a opressão incentivou a fuga ao silêncio lendo romances ou entoando cantigas de amor: foi uma jigajoga que nos fez grandes quando a grandeza era uma promessa irrecusável.
lembro as rotinas imersas na poeira da cidade onde se avivavam palavras dos meus inimigos ( os exageros recorreram à noite para quebrarem a redoma onde cresci, não importando que magoassem.
transfiro-me para o campo afetuoso com derivações que impelem o meu destino: os rasgos de ironia tresandam e a compostura inventa palacianos dizeres que proliferam no cruzamento das ideias.
sou um general de tropas decaídas modernizando os processos da evolução, um arauto benfazejo que contradiz os termos dos reclamos inconvenientes.
da melancolia extraio perversidades quando enuncio discursos que arrasam o tejadilho da esperança realçando o descalabro que surge no matagal onde incendeio os desenganos.
o teor da programação tempera os dislates do locutor contrariando as notícias que facilitam a vadiagem dos sentimentos.
os tempos resplandecem com as grandes desgraças porque um estranho processo transmite aos homens a coragem de resistir à agonia.
as manobras inúteis dos trovadores para converterem a poesia em dilemas de leitura obrigatória: ela só é lida nas inclinações duma moda arrefecida pelos ribeiros das recordações.
espezinho as trevas no desenrolar duma agreste pronúncia que subjaz ao meu estado de alma ou saio para recuperar a ardência na calmaria duma serra onde perfaço anos de brandura para ver esta miscelânea abrir uma inocente flor.
a poesia tem um véu que eu poiso no lugarejo da juventude acoplado à gente aprazível que desembrulhava pacotes de luar: as preces geram deceções e o estouvamento desculpa esta bizarra maneira de esculpir o silêncio.