a álgida estrutura
Autor: António Tê Santos on Sunday, 24 July 2016transporto razões dispersas que se assentam nos bancos onde se usava namorar: as saliências empurram-me pela senda do tormento ao preencher estas páginas com chagas e cicatrizes.
transporto razões dispersas que se assentam nos bancos onde se usava namorar: as saliências empurram-me pela senda do tormento ao preencher estas páginas com chagas e cicatrizes.
há lágrimas obesas em que eu reduzo à maresia ampla do meu sentir os espinhos que alardeiam a liberdade; são comoções que trocam olhares de indigência em diagramas que perduram.
a alma inventa várias maneiras de sobreviver: o seu isolamento numa redoma inquebrantável; o seu criterioso resfolgar pela área da redoma como se esta fosse uma caverna inatingível e sombria.
as palavras soltam-se em comunicação com a escuridade existencial perfurando os dizeres antigos: são atribulações que fazem gemer quando nas tribunas se propugna tolerância mas as suas rodas manifestam sofrimento.
disponho as palavras sobre o ventre duma verdade que sussurra frases amarguradas quando o seu maxilar se fecha sobre as vertentes da perspicuidade: as suas proezas estonteiam ao imaginarem facécias divinas e as suas emoções perecem junto às fragas do bom senso.
os carreiros trilhados pela esperança nos odorados terrenos da virtude, as bailatas hipócritas onde o homem aprende a ser, os círculos em volta da morte sob os auspícios do logro e da desilusão.
o clamor assinalado junto aos taipais da liberdade é uma lisonja que se desenvolve a partir do mérito e que permanece solta quando a renúncia é imaginária; desassossega logo que a ambiguidade supera as influências rotineiras.
há jogos onde se agita a bandeira do amor: aprecio a sua majestade ao brunir as arestas cáusticas que penetram os seus manifestos quando a sua obscuridade acomete a terminologia.
os rijos troncos foram conduzidos por poetas delicados com o torso abatido e a fonte transpirada, mas fruindo da destreza que conduz à inspiração.
receio os fardos que abrigam toda a nostalgia do mundo com dizeres que colhem dos escombros a motivação para sobrevoarem fraguedos aguçados ou extraírem da terra um sustento pervertido.