a motoreta bravia
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 2 January 2024o pensamento exibe as minhas aspirações; reduz os meus ímpetos cruéis; expulsa do meu íntimo os insultos banais; reúne aos valores que propago uma grande moderação.
o pensamento exibe as minhas aspirações; reduz os meus ímpetos cruéis; expulsa do meu íntimo os insultos banais; reúne aos valores que propago uma grande moderação.
a vida balança quando manifesta os transtornos da nossa existência; quando traz à superfície as nossas ligações inconvenientes; quando nos exclui das benesses generosas; quando destapa as afeições hipócritas que a caracterizam.
disponho as mágoas no baú das minhas transfusões; reduzo a sua importância nos degraus da minha progressão onde os seus estertores são trocados por uma existência tranquila.
a poesia agita-nos com demonstrações duma grande generosidade; reergue as nossas vidas desalinhadas; transforma os nossos pleitos em cânticos; arvora uma lucidez que nos encanta porque estimula a nossa imaginação.
lembro a displicência com que agi nas tempestades que me devastaram; que incidiram sobre os amores que frustrei; que emolduraram os meus descaminhos; que confundiram a minha sensibilidade.
as fantásticas ideias que avisto quando as utopias tombam sobre a superfície dos tormentos; quando reforçam a sua robustez com bandeiras triunfais; com palestras desmesuradas que intentam converter as sociedades.
componho versos que iluminam a penumbra ascética onde habito; que traduzem um querer inaudito impulsionado pelas minhas reflexões; que congregam as minhas lembranças para lograrem transpor o umbral da literatura.
agito as minhas ideias para que elas estoirem a muralha das vicissitudes; para que incluam lenitivos que eu possa doar aos leitores; para que esculpam ditames penetrantes que sublevem os paradigmas vigentes.
expando os meus amplexos ternurentos quando desmascaro a hipocrisia; quando transito pela vida para fruir os proventos que se apuram nas suas contundências; quando transbordo um júbilo consentâneo com a minha inspiração.
sou agora um poeta corajoso quando saboreio o travo das desgraças; quando desmonto os afetos que proliferam nos escaparates da humanidade; quando recupero a pujança através das minhas utopias.