o baú das transfusões
Autor: António Tê Santos on Sunday, 5 March 2023descrevo a minha intervenção na global monotonia; na estrutura influente e nos seus transtornados dilemas; na transferência da minha poesia para os rochedos do isolamento.
descrevo a minha intervenção na global monotonia; na estrutura influente e nos seus transtornados dilemas; na transferência da minha poesia para os rochedos do isolamento.
divirto-me quando manifesto as minhas fantasias pueris;quando lembro as minhas transgressões aos valores insípidos do mundanismo; quando respiro o aroma da minha vasta liberdade.
cintilam os vocábulos dos poetas quando são realçados pelos seus desaires emocionais; pelas manigâncias a que não sabem resistir quando empunham o archote da sinceridade; pelas garras fincadas no seu afligido viver.
as palavras fundamentam-me quando restauram os meus sentimentos transviados; quando ampliam a minha coerência para recolherem uma ínfima glória; quando almejam a grandeza de quem escreve poesia.
sossegam os homens quando a poesia trespassa as suas leviandades: no seu âmago corrupto odora as palestras que inventam; nos seus fundamentos desordeiros reprime o pendor aleivoso.
o pensamento desenvolve tópicos fulgentes quando se instala no núcleo das nossas convicções: as querelas desaparecem quando ele indaga o homem superior; quando desalenta as guerrilhas mundanas nos estudos que realiza.
o fragor da razão sobre o destino dos homens pode transparecer lisura e benignidade; pode arquivar os trechos que assinalam a nossa sordidez; pode unir aos nossos afetos uma volumosa alegria.
verti a minha seiva nos palcos da fantasia; golpeia a minha sorte com um linguarejar acidulado; ofendi os interditos com as minhas atuações descomedidas; gerei oportunidades renovadas quando me cobri de dignidade.