Meditação

INCERTO E AUSTERO

 

 

só não me confundam

com a penumbra da noite

o desconforto do meio-dia

na trincheira escura que me atropela

sozinho na rua instável

 

me perco quase que completamente

justo como um descrente

por aderir a um riso fácil

um sinal de feitiçaria demente

comovente como um crime doloso

e me recupero por completo

-incerto e austero-

por causa de detalhes irrelevantes

diante da muita controvérsia

pelos transtornos que não causei

 

sei qual é a cor do pecado

Vida

A morte não deve ser nossa capitã
Por que Deus não é um Deus de mortos
Ó desvairada e antiga vilã
Morte, eterno é o teu despropósito!
De toda humanidade persiste em ser anfitriã
Se está vida é tudo que há
Existe dramatização, e tramoia
Onde já se viu , até três mil anos
Viver a Sequoia?
A humanidade paga o preço
Exorbitante
Da conta que Adão deixou sem quitar.
O mundo com esta sina é descontente
A morte e como um sono custoso
Chega deste vil descansar!
Feia adormecida

POEMA SOB O REFLEXO DA TOMADA DE CONSCIÊNCIA

 

 

 

venho tentando aos poucos

fazer qualquer coisa assim:

erguer um jardim sem flores

descrever um panorama sem cores

resolver que uma resistência natural

ao mofo das coisas passadas

não passa de crença

sem fundamento

do que não retive em minha mente

pelo sobressalto do medo

de não obter uma resposta coerente

com meus dogmas e escolhas

 

venho tentando aos poucos

conceber poéticas originais

que me pareçam entretanto normais

sem traumas e controvérsias

Escravizar

Eu vivo a mandrakear
Porque sou um medroso de galochas
Deus, eu sou culpado de não dar amparo as flores?
Logo eu que sou como um colibri
Que não aprecia as dores
Mas as flores, são lindas e eternas
São as que colorem meu mundo opaco!
São lembretes para informar
Que a inveja nada vale
Não perfuma a esperança
Ocupam o espaço da paz
E nesta escuridão eu vivo a canalizar
Se existem maiores valores
Que devam me impressionar?
Eu vivo como artista nesta vida a encenar
Um sorriso de fato

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