a poesia inibe os ressentimentos e os desenganos; contradiz a malignidade desguarnecendo os seus recados e as suas instigações; rasga o catálogo dos desvarios afastando a sua agudeza da órbita do infortúnio.
há cardos plantados em mim que avultam como metáforas duma viagem erudita; que permanecem encerrados numa pose triunfal para firmarem o vigor duma reiterada ambição; que se dissolvem na minha austeridade.
revolvo a liberdade nos esconsos destinos da vida quando neles integro as minhas sugestões de comunicação terminológica; e quando considero os lugares onde esvoacei desabrigado da minha própria imagem.
a minha crispação recria a força conjunta da pertinácia e da veemência; recria uma ordem que foge ao palrar fluido dos indivíduos; recria um versejar que ilude a tristeza gerada pelas virtudes dilapidadas.
desemboco num lugar onde o achamento de mim próprio sustenta o meu projeto candente: reunir a minha vida a uma festa íntima que me defenda dos temporais; e onde a importância das minhas utopias se faça escutar.
Pessoal, está na hora da verdade.
Neste beiral onde o tempo aterrou.
Sem demora, nem vaidade,
Despido na praia da saudade,
Que o Mar nunca beijou.
Preso na formalidade,
Engenho que o Homem criou.
Pessoal, está na hora da verdade,
Transparente sal cristalizado,
Lágrimas do meu avô.
há contrariedades que me intimidam quando desenrolo a solidão e os seus afagos; que me debilitam quando rejeito o abraço ébrio das multidões; que embargam a minha alegria quando me liberto do desregramento.
o bálsamo para as mágoas avista-se na fisionomia do trovador quando as suas mãos comprimem as ínvias veredas que teve de seguir para se proteger da dança cismática da existência e para legar à alma os rumores generosos das suas utopias.
as inequívocas revelações que me convêm para derrubar tantos obstáculos com um zelo que assevera os meus exames frutíferos: são trechos confinam com a minha solidão; são lágrimas que evaporo com o desembaraço dum triunfador.
alimento vocábulos que remontam as minhas utopias para se firmarem no centro das efusões poéticas; e que fomentam a hospedagem dos meus préstimos num edifício lógico onde sobressaem os meus valores e os meus ressentimentos.