a poesia ostenta os seus retratos e as suas premonições quando evidencia a miscelânea adubada pelos dilemas que sobrevêm; ou quando estampa os seus depoimentos de pureza na áspera construção existencial.
haja uma intrépida atuação que estilhace o recipiente mundano onde jazem os nossos temores e os nossos ultrajes; onde a reverência nos afaga com as manápulas corroídas pelas tentações; onde a miséria enfraquece as nossas utopias.
o pranto juvenil reuniu objetivos que invadiram a minha razão gerando centelhas de coerência nos exageros que se seguiram; e teve a concórdia como alvo quando integrou a dor nos novelos da poesia.
a minha têmpera persistente galgou o trilho das incertezas: não existia a clarividência nem a metamorfose sentimental quando nas controvérsias eu projetava os meus dissabores e os meus exasperos.
a alma infla com as coisas subtis que a trespassam e que a fazem espirrar os meneios danosos da vida: ela arrepela-se diante das rudes asserções que colhe desde o fulcro da sua solidão.
há vislumbres de grandeza que decaem das utopias para as nossas ambições; há méritos que nos recusam mas que nós encaixamos no nosso tirocínio; há tabus que repelimos para originar um universo melhor.
caminho contra o vento quando assevero os meus desejos pungentes; quando exprimo condolências pela minha inépcia dolorosa; quando promovo intuições que edificam uma ampla liberdade.
há uma flor num pedestal odorando o jardim diáfano da inocência: ela esbate as risadas daqueles que traem os valores do afeto e da beatitude; ela transfigura o universo numa expressiva genuinidade de ideais.
manuseio a virtude para extrair a hipocrisia das suas abluções sagradas; para resolver os seus dilemas fecundos; para firmar no seu íntimo as dádivas de sangue que a fazem evoluir.
invisto contra os meus recalques para poder desfrutar dum porvir generoso; para que as minhas utopias alcancem proezas fundamentais; para que a dor se aparte da teia de opiniões que exprimo desde a berma desta vida desordeira.