equações caprichosas
Autor: António Tê Santos on Thursday, 4 November 2021há missivas que se conjugam para obnubilar a tristeza e esculpir no mundo figurações que bombeiam as ruindades infames e as periódicas deprimências humanas.
há missivas que se conjugam para obnubilar a tristeza e esculpir no mundo figurações que bombeiam as ruindades infames e as periódicas deprimências humanas.
a servidão interpõe-se entre a árdua vida e a morte pungente; entre os poucos benefícios e os austeros dilemas; entre as paredes invisíveis onde se asfixiam as quimeras e se vocifera contra a miséria de existir.
junto ao pilar onde a inspiração se corporiza há uma fera que rompe quando a malignidade transpõe os limites do admissível ou quando a desdita se apoia em vislumbres de grandeza.
os sonhos suprimem os meus relatos umbrosos através de conquistas que mitigam o nostálgico porvir quando interagem com as deambulações eruditas que buscam uma vida melhor.
a pretensão de resumir as figurações dispersas que integram as minhas lembranças; que obliteram a dicotomia que existe entre os meus versos e a bruta realidade; que intentam harmonizar as querelas que patenteio com nitidez.
no pensamento se neutralizam as brigas que emergem das nossas condutas supérfluas: ele nos apresenta o tarifário duma existência febril quando examina o impacto de tantas rebeliões; ele nos restabelece dos conturbados percursos que nos afastaram dos hábitos fundamentais.
realço as nervuras que se instalam na minha poesia quando elucido as querelas que se desenrolam sob o meu olhar abrangente ou quando concebo os amplexos que motivam tantos suplícios por interpretar.
há sigilos por traduzir na crosta dum mundo que gera promessas que explodem no ar; que entope a ideia da morte com o seu jeito irascível; que solta faúlhas duma consciência afeita a perversões que enrubescem.
transfiro as referências da minha vida para o lugar onde as virtudes se hospedam: onde contesto as redundâncias que enxamearam as minhas afeições; onde burilo a lucidez nos cânticos que vou redigindo.
a impiedade dos homens quando constatam a rudeza da vida e os seus nebulosos momentos; as suas acometidas em escaramuças onde sobressaem ou onde se protegem das contusões.