arestas cáusticas
Autor: António Tê Santos on Monday, 26 October 2020no claustro onde habito vacila a minha esperança através do fatalismo que o meu instinto certifica quando regateia a poesia que nasce do meu singelo gargantear.
no claustro onde habito vacila a minha esperança através do fatalismo que o meu instinto certifica quando regateia a poesia que nasce do meu singelo gargantear.
prossigo no encalço da veracidade quando toda a miscelânea que me fustiga me faz também acordar para os desenlaces da minha existência e quando os meus movimentos se isolam do fulcro duma romaria alvoroçada.
depois dos tumultos mundanos surge a profusão de escrúpulos que eles regurgitam; surge o simbólico futuro através de aguarelas fascinantes; e surge a beleza da alma quando é cativada pela poesia.
o outro lado dum espelho transmite-me o desejo de requerer ao mundo os seus valimentos para ingressar num abismo persistente com os meus vaticínios fulgurantes e as minhas façanhas impetuosas.
Neste mundo falido,
entre o passado e o limbo
no interim da pandemia
a moeda prevalente
deveria ser a reciprocidade
a empatia, o amor ao próximo
são os sentimentos
os quais deveríamos compartilhar
a respeito da vida
Dando cor a quem sofre
e a quem teme
Dias difíceis, para aqueles
que neste momento, no trânsito
num infortúnio passageiro
a caridade deve vibrar
(DiCello, 24/09/2020)
os terrenos contaminados donde viajam alguns homens até ao lugar onde se transfiguram em virtuosos semideuses; o seu ulterior deambular pelas fráguas da liberdade empunhando archotes que iluminam a sua inconciliável natureza.
Quando nalgum momento cair sem rumo no caminho da procura,
A queda não deixará mais que uma lasca nesta minha armadura.
Busca pela perfeição até a última noite que a Lua encerra ,
Serei sempre mortal soldado numa divina Grande Guerra.
a guerrilha que se apronta no desvão das afeições urde teias que me convencem a explodir a morfologia agoirenta da minha juventude ludibriando os seus sermões para gizar a fronteira que me isola das angústias maternais.
A alma pode não ser tão bonita
apenas ao ver uma silhueta perfeita
a realidade esta subscrita
as nossas materiais observações
Exceto quando ela está nua
Está livre das humanas opressões
Todos somos errantes passageiros
somos viajantes do tempo
E, nossos egos... o orgulho
impede muitas decepções
O essencial é invisível aos olhos
aos olhares dos que não sabem ler
nem mesmo decifrar corações
(DiCello, 10/09/2020)
conduzo a ilustre liberdade até ao meu entendimento para julgar as suas obscuras relações, os seus temores e os seus infindáveis melindres que derivam para o templo onde residem as angústias coletivas.