Em frente
Autor: Kira on Sunday, 26 January 2014Uma repreensão pode ser a motivação chave para o rumo certo!
Uma repreensão pode ser a motivação chave para o rumo certo!
Subjugado por um raciocínio
Do qual julgo não ser escravo,
Esconde-se no arbusto o domínio
Esperando o falso do meu passo.
Há uma cadafalso que espera por mim
Não escolhendo os sonhos, escolherei os danos
Mesmo achando que não os escolhi.
Culparei o outro por me estragar os planos
Mas o difícil é acreditar que sim.
Todos os dias são a pressa
Que temos quando não nos olhamos.
É difícil manter a chama acesa
Sem nos incendiarmos de enganos.
Há um engano do qual me perdi
Não é destino velho que hoje
Sou poeta,
Mas porque não luto com o sentir
E me deixo viver.
A quadra é meu tormento, terceto
A doce solidão,
Se com rima já tão dói, sem ela
Amargura é refresco.
No papel flutuo como terra batida
Deixada à sorte.
Escolho manter a cortina de poeta
Que já soube não fingir.
Às vezes, com medo de deixar cair o poema
fora do mapa,
cerro os dentes,
levo-o até casa na boca.
E enquanto ele se escoa lentamente
junto à porta de entrada,
abre ecos pelos degraus
e ganha formas ao fundo,
eu sonho em arrastá-lo
como um gato até
ao resto do mundo.
Quando eu morrer, Cecília,
talvez os galos não cantem mais à minha volta,
talvez não haja brisa, nem mãos delicadas,
que já não é moderno,
só pilares de cimento e frases largadas
de valas, pedras, pó, pás
e larvas na boca.
Quando eu morrer, Cecília,
não quero as mãos cruzadas no peito,
um sorriso de seda
e um vestido de roda bordado inglês,
antes uma tigela de marmelada na boca
a desafiar as formigas,
um pregão nos olhos
e as mãos soltas
para coçar os pés.