Prosa Poética
HÁ O QUE HÁ
Autor: FERNANDO ANTÔNI... on Tuesday, 26 July 2022
há saudade que não se recorde?
há mulheres que são de ninguém?
há indícios de deserto na solidão dos pântanos?
há ternura que desagrade alguém?
há escadas para se tocar o abismo?
há virtudes que infligem temor?
há cores que vazam os olhos?
há rios que delimitam o céu?
há abrigo na louca paixão?
há trevas que contrariem um olhar?
há delícias em lembranças malditas?
-há o que há
Silêncios enamorados
Autor: Frederico De Castro on Saturday, 16 July 2022
No jardim dos meus sonhos pintalga-se a solidão
Com inúmeros silêncios enamorados…quase conspirados
No espelho do tempo ficam refletidos dúcteis ecos tão domados
Da embriagante formosura dos céus chuviscam palavras harmoniosas
Guardo no silêncio
Autor: Frederico De Castro on Thursday, 7 July 2022
Guardo no leito dos silêncios as palavras aleatórias e coniventes
Na abdução de cada eco suturam-se todos os lamentos subservientes
Rapta-se e seduz-se o poente fluindo pelo gargalo dos dias convergentes
Lá no meio do céu
Autor: Frederico De Castro on Sunday, 3 July 2022
Toquei na ponta dos céus e de lá escorreu uma gota de
Luz tão voraz tão sagrada e imarcescívelmente conivente
Abriu-se o horizonte e choveram azuis tão, tão irreverentes
Nos jardins do tempo debutam preces quase incandescentes
Lâmia
Autor: Reirazinho on Saturday, 2 July 2022
Noturno instante
Autor: Frederico De Castro on Tuesday, 28 June 2022
Neste noturno instante velo a escuridão abarrotada de
Palavras condescendentes, serenas…escritas entredentes
No imenso caos de desejos deliram estes breus tão confidentes
Neste noturno instante o tempo entorpecido jaz além judiado
LABUTA
Autor: FERNANDO ANTÔNI... on Saturday, 25 June 2022
semeio os cereais:
milho trigo e arroz
e faço eu mesmo a colheita
guardo tudo nos silos
depois enrolo os fardos
para vender
então descanso
-a terra precisa descansar
e eu também
por isso
espero a época certa
para recomeçar a labuta
semeio os cereais:
milho trigo e arroz
e não tenho tempo para amar
Com fair play
Autor: Frederico De Castro on Monday, 20 June 2022
Com fair play o silêncio repousa à sombra daquela
Brisa obscena, vestida de fluorescências quase extraterrenas
Cativa cada palavra pestanejando absurda e elegantemente serena
Nosso mar
Autor: Frederico De Castro on Wednesday, 15 June 2022
No nosso mar desaguam carícias e maresias, assim afavelmente
No estendal do tempo o silêncio amara além tão discretamente
Na berma da praia lavro as mais belas e ardentes palavras complacentes
