Prosa Poética

A menina e o Livro

Sentada sem preocupação Perto de minha casinha papelão Peguei um livro da minha tia Era velho e pesado passei a ler Percebera que não havia espaço sem reino E não havia reino sem espaço Que tinhas barquinhos água e sal Tinham palavras em lutas que impulsionavam a Nau Tinha homens em lutas Tinham reinos em lutas Tantas labutas epopeias homéricas Deixei o livro na sala e fui brincar com minhas borboletas Batizei uma delas de lusíadas o nome do livro da tia O livro era velho e pesado as borboletas não a são Pois não havia espaço sem reino e reino sem espaço E lusíada minha borboleta preenchia

SOM CORRIDO A CAVALO

A língua do bardo amolou a lâmina Que cortou o vento
Cipós e sons ao vento
Raízes no solo ao vento
A língua do bardo é uma raiz profunda
Acionou palavras de comando para um corcel selvagem, 
No dorso pintas brancas de luz ,
Corre ligeiro cavalo indômito 
Leva a música e lira do bardo medonho
Bardo gordo que matou a fome do povo
Festa de coisas gordas, a pedra o bardo a lâmina
 Tudo foi musical 
mesmo a lira parada sem movimento 

Ódio Latente

Ódio latente que me faz lamuriar sobre essa vida
Nenhum senso de esperança
Somos levados a acreditar na mentira da esperança
Enquanto somos levados discrepância
Falsa liberdade, mentira da verdade
Escravo da liberdade, senhor do ócio da maldade
Nunca pedi para entrar, mas sou obrigado a sair
Todavia, um porém, um ótimo porém: sou livre
Como um macaco enjaulado na gaiola, sou livre
Livre para morrer e com amargura no coração

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