Prosa Poética

Degrau a degrau...

Degrau a degrau sobe o silêncio até aos
Píncaros da solidão reflectida num inefável
Momento de tempo tão vulnerável
 
Precinto em mim o grito de tantos silêncios interiores
Alinhando ilusões inigualáveis e usurpadoras até colonizar
Cada palavra desafiadora, implacável…apaziguadora

Ocidente

 
 
Quando do Ocidente o Sol se levanta
a água do mar que regressa à terra traz os que aí morreram
a água que dos rios que volta para o mar, devolve os que aqui faleceram     
e eu sei aquilo que a água recorda,
conheço por isso todos os males do mundo
nem eu nem ela podemos ignorar o passado...
e todo ele é maléfico, digno de nunca ter acontecido
os outros, dos metais aos animais, protegem-se encerrando as portas da perceção.
existindo como Josef K. ou Winston Smith até ao fim

Oriente

 
 
 
                              Quando o Sol se põe no Oriente

quando o Sol se põe no Oriente
os mortos levantam-se como se vivos fossem
mitigam a fome com o ar que inspiram… mas não expiram,
nem transpiram ou respiram
mas no fedor que exalam explicam que estar morto dói
e a dor é eterna como a morte
assim, e porque só
os não nascidos aplaudem a morte dos genitores:
vudu, carnival, cuba, sentaria…ou os que morreram…
buda, cristo e maomé… os ressuscitados…

Clausura no tempo

Derrubo as grades do meu silêncio
Deixo a prisão do tempo acorrentado à
Muda e queda solidão quase requintada
 
Em clausura pernoitam as madrugadas
Alimentando o degredo de cada lamento
Onde se acoitam as palavras mais apoquentadas
 
Ficou condenado todo o meu silêncio limando
As arestas de toda a solidão ardilosa bem condimentada
Rendida agora ao sabor desta ilusão vagabunda e assustada
 

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