Soneto

CENTELHA CINTILANTE EM VOZ DE PAZ E DE HARMONIA

Centelha cintilante em voz de paz e de harmonia
Talham veios em meu corpo como fazem pelo vento
Ofuscada pela luz que lhe retrata em seu unguento
Em mágica fortuna que portar não deveria

Adendo em seu chamado que proclama-se por bento
Consagrado por justiça sobre o sangue de outro dia
No arrebol dessa sentença que o fogo consumia
Em passos convertidos de efeito bem mais lento

NÃO SE ATREVA A ME REGAR COM ESSA FORTE TEMPESTADE

Não se atreva a me regar com essa forte tempestade
Nem se atreva a me largar por entre os veios desse solo
Não procure me dispor por nobre fruto o teu consolo
Das raízes dessa terra é que tiro a tua bondade

Já não sei se por verdade ora retiro já o teu dolo
Ou se ele dado o tempo ora faz-se ser verdade
Não se atreva a soletrar o que se faz casualidade
Pois não sou assim perdido e tampouco sou tão todo

TUA PELE TÃO MORENA BEM ME DÁ A MINHA COR

Tua pele tão morena bem me dá a minha cor
Os teus passos, mia menina, me seduzem como o mar
Tua face de tão bela bem esconde o teu olhar
E tua boca tão vermelha me soletra o que é amor

No teu corpo de mulher é que eu desejo navegar
Pelas águas de tua pele inundada de calor
Doce anjo tão perfeito eu lhe digo sem favor
Que apenas no teu nome é que eu posso então amar

TU QUE VAIS A PÉ POR SOBRE O FOGO EM TUA FAZENDA

Tu que vais a pé por sobre o fogo em tua fazenda
Com teus passos de menina sob pernas de mulher
Tu que não tens nada e ainda assim tens o que quer
Não conhece então fronteiras e nem nada que lhe prenda

Tu que com teu verbo faz o dia então chover
Pra regar a flor silvestre que floresce na tua senda
Tu que não conheces poesia que lhe adenda
Bem lhe digo que é verdade tudo o que não possa ver

UMA LINHA PRA ESQUECER TUDO O QUE FORA PROMETIDO

Uma linha pra esquecer tudo o que fora prometido
Duas linhas e te digo o que me vale importância
Na terça linha se dá forma ao que reflete relevância
Mas a quarta se desmente no que em si está contido

Cinco linhas e começa, mas ainda em relutância
A sexta linha então se conta em tudo o que mantém sustido
Sete linhas, sete folhas, e um verso reprimido
Oito linhas então cantam no cair de uma tendência

CAVALEIRO DE LUZ E DE SOL

Cavaleiro em seu cavalo, cavalgando a luz solar
Com sua capa reluzente e seu escudo de ouro feito
Seu cabelo louro ao vento e seu amor bem preso ao peito
Sua armadura cintilante que chameja pelo ar

Sua vida em sua mão e seu destino bem aceito
Sua angústia em seu passado sua memória em seu lar
Todo o medo do futuro afogado pelo mar
Cavaleiro em seu cavalo como ao mundo fora feito

DOS MARES REVOLTOS E O QUE LHES PODE REVOLTAR

Advenha teu perfume como chuvas sobre o mar
Cada pétala de vida sustentada em forma vil
Com a vida dessa terra que tão grata lhe pariu
E lhe encara com a ternura de quem pode lhe amar

Sobreponha à tua essência toda a tua intenção
E lhe talhe com formigas o que dá o ar da graça
E então vaze o teu sangue enfeitando toda a praça
E que se volte à nobre terra o que lhe bate o coração

NADA O QUE DIZER, APENAS NADA O QUE DIZER

Nada o que dizer, apenas nada o que dizer
Sem fronteiras, sem legados, sem vontade e sem tortura
Sem desejos por cumprir, sem carinho e sem ternura
Nada o que dizer, apenas nada o que dizer

Na verdade o dia passa no acalento do seguro
E o que um dia fora claro ora nos deixa no escuro
Todo o chão que era muito ora é perto e tão distante
Tudo que fora odiado ora é o teu melhor amante

A SAGRADA TERRA DAS PAIXÕES

Bela senhorita de vestido reluzente

A valsar por sobre a grama de desejo e de verdade

Tua cintura ora me leva para além de mia vontade

E me faz de tua boca ser o mais sincero crente

 

Minha dama de ouro feita e da mais pura vaidade

Tua certeza me convence e me torna condizente

O teu mundo ora me guia e me faz ser tão contente

Que às vezes, quase sempre, eu me retrato a realidade

 

Nesse mundo paralelo onde nada mais se diz

Onde flores são insetos e a terra não é nada

O NECESSÁRIO FAZ-SE TOLO SE PRECISO FOR

O necessário faz-se tolo se preciso for
E as palavras comedidas podem sim poetizar
Quando é preciso há muita sorte no que for de seu azar
O que é vago faz-se pleno se repleto de amor

O que é mentira faz-se crer quando for dito com paixão
O que floresce também morre quando chega ao seu outono
O que é livre não conhece os poderes de seu dono
O que é concreto também dança se tiver inspiração

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