Jose Haroldo Evaristo Cavalcante

Jose Haroldo Evaristo Cavalcante

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José Haroldo Evaristo Cavalcante
“Ao levantar-me pela aurora da manhã
Embelezo-me por teus encantos ...”
 
Quem é o poeta José Haroldo Evaristo Cavalcante?
- Uma pessoa que encontra nas letras asas para a imaginação e uma ferramenta para concretizá-las em palavras. Um poeta da vida que orgulha-se em ter nascido em Lago da Pedra em 4 de janeiro de 1972. Meu pai foi Guarani Evaristo de Paiva um remanescente do Ceará e minha mãe é dona Valfrida Leite Cavalcante, uma mulher forte, valente.
 
O meu pai era filho de tropeiro e minha mãe calejou as mãos trabalhando na roça. Morávamos na Rua Coronel Pedro Bogea, 287.
 
Eu estudei o curso primário e fiz o ginasial no Colégio São Francisco. Aos 16, em 1988, eu fui morar em São Luís para estudar, cursei metalurgia pela Escola Técnica Estadual do Maranhão.
 
Em 1992, precisamente, no dia 02 de setembro, o meu pai se separa da família por morte e eu retornei a minha cidade pra fazer companhia a minha mãe. Ano seguinte decidir cursar o magistério.
 
Sou uma pessoa vitoriosa e uma das minhas motivação pra alcançar o sucesso foi eu ter aprendido a ler fora da época. Aprendi a ler aos 9. Fui alvo de zombaria por muitos colegas da escola. E venci.
 
Diante dessa realidade estabeleci propósito em me dedicar a educação e sempre incentivar alunos a buscar a aprendizagem.
 
E para visualizar melhor, cito aqui uma cena que eu jamais esqueço, marcante. No filme Sociedade dos Poetas Mortos, o professor John keating convida os seus alunos a irem a uma sala repleta de troféus e de fotos de alunos.  O professor pede aos alunos que voltem o seu olhar para os rostos de todos aqueles garotos e questionarem em silencio: O que aconteceu e para onde foram? O que fizeram de suas vidas? E se valeu a pena o que fizeram com ela?
 
E da minha vida eu fiz uma regra de ouro. Estudar mais e buscar fazer uma educação com destaque. Portanto, fiz letras e pós-graduei em língua português pela UEMA.
 
Digo aos meus alunos não permitam serem “retratados em fotografias esmaecidas, amareladas”. Cuido da educação com zelo, conduzo os meus alunos a pensarem, jamais serem passivos diante da realidade.
 
Desde 1994, leciono as disciplinas de ciências e história no Centro de Ensino Cristovão Colombo. Ensinei no Colégio São José e no Marly Sarney e fui o primeiro diretor da Unidade de Ensino Maria de Nazareth Pereira Barbosa.
As letras e a arte elas se encontram, andam de mãos dadas, se misturam, se completam. Na administração de Raimunda Alves de Melo estive secretário de cultura. Nesse momento, deixei a minha marca ao ser um dos autores do projeto Fest Art.
“Quantas vezes o nosso eu poético chorou por não aceitar acusações do mundo. Fomos engendrados e lançados ao chão, feridos humilhados, machucados...”.
 
E eu fui morar no Pará, passei em dois concursos e por lá não finquei as raízes, pois a minha vida, a minha mãe estava aqui e voltei.
 
Fale um pouco mais sobre sua família e a infância em Lago da Pedra.
- Eu tenho seis irmãos. Fomos criados juntos e na lida pesada do campo. Entre meus familiares próximos não temos nenhum com essa veia poética. Mas se formos olhar a nossa história, achamos na moldura dos olhos um homem tropeiro, me refiro ao meu pai, que teve uma vida voltada a terra, as plantas, a água, o cheiro, o sol, o canto dos pássaros, o vento. Eu fiz parte dessa orquestra e essa beleza contemplativa ressoou em mim através das letras.
Eu sou filho de quem trabalhou no campo de sol a inverno, de quem calejou as mãos na labuta. Minha mãe estudou apenas a 1ª série, aprendeu a ler e escrever. Embora apenas eu seja o irmão que tenha estudado um pouco mais, digo que a vontade de vencer nos faz quebrar paradigmas, filho de pobre pode estudar e isso não deixará esquecer suas origens.
Até hoje quando eu e meus irmãos nos encontramos e falamos desse momento sentimos só alegrias e graças a Deus podemos dar risadas da vida.
O vinculo familiar entre eu e meus irmãos é muito arraigado. Tenho como confidente Marilene Evaristo Cavalcante. O Carlos Evaristo Cavalcante meu companheiro fiel de trabalho e de luta no campo. E para representar a alegria e a força de pensar e fazer o diferente temos José Evaristo e Marlene Evaristo Cavalcante.
E por falar nos Cavalcante. Uma curiosidade, você sabia que a família Cavalcante é a maior família mundial, e de origem italiana.
Ainda falando da infância, quais lagopedrenses destacariam.
Na aquarela da vida!!!
Amigos de infância não os tenho. A sensação é que nós nos desconhecemos. Moramos aqui, mas a distância é grande. Acredito que seja a minha seleção natural. Afirmo que tenho amigos, mas de forma resumida e verdadeira.
Quais professores você guarda na lembrança?
- Lembro carinhosamente de todos. E mais doce é lembrar. No paraíso das minhas lembranças, agradeço a professora Sheila Maria e professor Erismar da Silva. Eles me deram muita força para alcançar o patamar de hoje.
O patamar que você se refere é ser diretor do CELASP?
- Tentarei responder com um olhar poético. O poeta ele instiga, provoca esperanças e revoluções. Estar diretor da UEMA da minha cidade, um universo que forma conhecimentos nas pessoas, conhecimentos que as marcam como divisor de águas, uma vez que existe no acadêmico um marco antes e depois, quando este deixa de ser um acadêmico e passa a ser um profissional cientifico. Eu diria que o CESLAP é um trecho da estrada.
Estando a frente do CELASP, ou em sala de aula no Cristovão Colombo, e na coordenação do Núcleo de Tecnologias a Distância (UEMANET) emana dentro de mim um sentimento que estou cumprindo, a minha missão enquanto educador e esse azeitamento, esse é o tempero do meu ser poeta.
O meu trabalho ele segue o positivismo da vida por que estou apanhando a fortaleza que tem o poeta para conduzir saberes, colaborar com o futuro de cidadãos.
Essa interpretação, mais do que isso, a minha convicção é por que o poeta é um repórter do meio do povo. Nós imprimimos o que a alma reveste. Somos um pouco crianças. Buscamos sempre um com-texto. Na minha loucura, eu sou fortaleza do equilíbrio entre lucidez e distração. Nas palavras ouço sonoridades, há imagens e significados.
O poeta ele trilha entre o conhecimento. E a leitura de mundo e poesia me faz afirmar que se estou na UEMA é por méritos, por que sou vencedor. Desafios existem e são gigantescos.
Também sou aprendiz e aprendo no dia a dia como enfrentar os obstáculos que encontro, pois eu não sei coisa nenhuma. Cecília Meireles nos deixa um convite a refletir “ não-saber-sabendo”. E o poeta bebe nessa fonte e quem sabe por isso, podemos dizer que seja a linguagem da possibilidade, do talvez, do certamente. E ainda pensando em Cecília cito: “Não venci todas as vezes que lutei, mas perdi todas as vezes que deixei de lutar".
Que nomes exerceram influência na sua formação de poeta?
 
- Minha viagem a pergunta, faz eu navegar nos mares de ser um educador e gostar de ser um educador. Então, me visto nas interpretações do poeta, filósofo e historiador alemão Schiller, as concordâncias que ele faz com Kant e somando a eles o poeta, escritor e filósofo Novalis.
 
A educação que ilumina o esclarecimento; a ação humana fundamentada na razão, sem perder o brilho do romantismo.
 
A inspiração ela é uma praça que abriga passeios. E a luz desse teatro ao ar livre, no meu palco, eu desenho palavras ingênuas. Na minha cabeceira tenho companhias de Fernando Pessoa, Aluizio de Azevedo, José de Alencar, Ferreira Gullar, Mário Quintana, Machado de Assis e em especial João Mohana. Eles me dão suporte nos meus rabiscos.
 
Você está começando a ser chamado de “poeta”. Como você se sente?
 
- Livre. Um andarilho que me permiti ser ousado por que traz na bagagem a realidade.
 
E nesse voo recorro a figura do pardal, que é forte em mim. Ele exerce o seu direito de ir e vir. Aí eu equiparo a essa garantia de todo cidadão, um instrumento chamado educação. Quero estar na sala de aula, mexer na terra, ficar com minha família. Assim ganho passaporte pra mergulhar nos mistérios da vida, na complexidade humana e no papel em branco. Não abro mão de escrever com lápis e ter sempre borracha.
 
Não sei se respondi a sua pergunta. Pra entender melhor, curto jogar vôlei, pois o jogo é o mesmo que faço na criação poética.
Assim me sinto poeta da vida.
 
“Eu tenho. Tu tens. Nós temos
Mas eu não tenho
O direito de:
De querer, de buscar, de viver, de conquistar
Tu tens? – Sei que tens
Mas fico no desejo de querer poder
Que foges de mim, que não chegas a me alçar.”
 
 
Fale-nos do polêmico José Haroldo.
 
Aqui queria citar uma poesia em que vc falava em vomitar na cara... mas não achei acho que vc excluiu... lembra do...
 
- As pessoas me modelaram a aprender me impor. E para enfrentar a hipocrisia eu adotei um dizer afiado: “Respeitar, respeito a todos, mas considero que me considera”. Talvez isto tenha me configurado pelos outros uma rotulação de personalismo polêmico.
 
Quais são seus planos para o futuro?
 
- Sou atraído pela ideia de me envolver com a comunicação. Ao gerenciar com mais assiduidade do meu face pessoal, do face do poeta, da minha página no Recanto das Letras, a qual convido todos a visitarem e deixarem seu comentário.
http://www.recantodasletras.com.br/autores/kbcavalcante
Então, eu recordo aqui que eu cultivava o sonho de ser radialista. Não fui ser, porém decidir vivenciar a comunicação através das letras. Foi o bastante pra eu começar escrever sobre temas de cunho social. São pulsantes em mim constantes questionamentos político-sociais. Seguirei esse viés.
 
Outro foco que ainda é um projeto guardado a espera de um tempo é colaborar indiretamente com projetos culturais.
 
Em 2004 tive o desejo de criar um bloco chamado Batuque, e não conseguir. Fui convidado por Genésio Fernandes para assumir a presidência do Bloco Jacaré do Lago, eu não aceitei, porém fui afrontado por uma pessoa e isso foi o mesmo que cutucar onça com vara curta. Decidir unir forças com a comunidade do Jaguar e fazer memória cultural em Lago da Pedra. O bloco recebeu quatro títulos consecutivos de campeão e um vice. Tenha essa força em mim quando assumo qualquer projeto.
 
Podemos dizer que temos um poeta político.
- Ideologia e sistema não é uma combinação que bate a porta dos meus sentimentos.
 
“Uma das piores “coisas do bicho homem” é não bastar a ele “ser”,
É ele simplesmente querer aparecer...”
 
 
Na embriagues da vaidade o ser humano busca a qualquer custo aparecer sem medida, sem escrúpulo e sem nenhum respeito ao outro...”.
 
 
“Nos perdemos então a beira do encantamento e da veracidade da vida e dos fatos que nos une: o amor pela vida e a rejeição à prepotência”.
 
Abordar o meu eu político emergi sonhos, desilusões e realizações. É visível nos meus manuscritos a sensibilidade e o poder, ambos cruzam-se reciprocamente. E nessa autocrítica busco o olhar do nosso Carlos Drummond de Andrade.
 
Ler o mundo não é fácil, é preciso coragem pra “ler o mundo antes das palavras”.
 
Em 2008, foi analisado a possibilidade em eu sair candidato a vereador. Seria uma oportunidade pra eu elaborar projetos sociais e autossustentáveis voltado em especial aos jovens e lavradores. Esse desejo foi sufocado, Lago da Pedra naquele momento já era visto como um celeiro de compra e venda de favorecimentos eleitoreiros. Eu já não podia encostar em casa pra almoçar que já encontrava tanta gente com cartões a serem pagos, prestações, contas de energia e etc. Eu parei refletir e desistir. O povo tem o político que ele merece. E eu não merecia aquele tipo de eleitor que se vende. Queria ser a voz do povo. Gostaria de ser avaliado pelo meu caráter, pelas minhas propostas e não pelos favores cifrados.
 
Todo poeta canta a sua terra, qual a mensagem que você deixa na passagem dos sessenta anos de Lago da Pedra.
- Eu louvo a minha rainha Lago da Pedra com palavras. Sou apaixonado pela minha terra desde quando aprendi a respirar o ar que ela me inspira a querer viver.
Minha senhora, obrigado por você permitir eu ser dono da vida.
O Amanhecer em Lago da Pedra

Ao levantar-me pela aurora da manhã
Embelezo-me por teus encantos
Morros e montanhas que nos cercam por todos os lados
Vegetação não tão mais como antes mas resplandece o verde que nos garante a prosseguir
O raiar do sol que nos rodear vem enaltecer e dá brilho própria a essa gente que é gente da gente.
O portal de boas vindas é atraente e sedutor
Abre-se as cortinas de brilho e de luz a quem é daqui ou não
O lagopedrense enche-se de orgulho em apresentar sob a luz do sol nossas belezas mil.

Lago da Pedra
Cidade cercada por morros e babaçuais
De gente que canta e encanta com sua sabedoria
Alguns se perderam no tempo e contam o saudosismo por sua terra

Eu como bom filho desta, canto terra do amor da prosperidade, da sinceridade
Terra de homens e mulheres sonhadoras e batalhadoras que vivem com a força de seu trabalho e de sua singela competência
Terra que canta e encanta sua gente.

 (J. H. E. Cavalcante)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
José Haroldo Evaristo Cavalcante
“Ao levantar-me pela aurora da manhã
Embelezo-me por teus encantos ...”
 
Quem é o poeta José Haroldo Evaristo Cavalcante?
- Uma pessoa que encontra nas letras asas para a imaginação e uma ferramenta para concretizá-las em palavras. Um poeta da vida que orgulha-se em ter nascido em Lago da Pedra em 4 de janeiro de 1972. Meu pai foi Guarani Evaristo de Paiva um remanescente do Ceará e minha mãe é dona Valfrida Leite Cavalcante, uma mulher forte, valente.
 
O meu pai era filho de tropeiro e minha mãe calejou as mãos trabalhando na roça. Morávamos na Rua Coronel Pedro Bogea, 287.
 
Eu estudei o curso primário e fiz o ginasial no Colégio São Francisco. Aos 16, em 1988, eu fui morar em São Luís para estudar, cursei metalurgia pela Escola Técnica Estadual do Maranhão.
 
Em 1992, precisamente, no dia 02 de setembro, o meu pai se separa da família por morte e eu retornei a minha cidade pra fazer companhia a minha mãe. Ano seguinte decidir cursar o magistério.
 
Sou uma pessoa vitoriosa e uma das minhas motivação pra alcançar o sucesso foi eu ter aprendido a ler fora da época. Aprendi a ler aos 9. Fui alvo de zombaria por muitos colegas da escola. E venci.
 
Diante dessa realidade estabeleci propósito em me dedicar a educação e sempre incentivar alunos a buscar a aprendizagem.
 
E para visualizar melhor, cito aqui uma cena que eu jamais esqueço, marcante. No filme Sociedade dos Poetas Mortos, o professor John keating convida os seus alunos a irem a uma sala repleta de troféus e de fotos de alunos.  O professor pede aos alunos que voltem o seu olhar para os rostos de todos aqueles garotos e questionarem em silencio: O que aconteceu e para onde foram? O que fizeram de suas vidas? E se valeu a pena o que fizeram com ela?
 
E da minha vida eu fiz uma regra de ouro. Estudar mais e buscar fazer uma educação com destaque. Portanto, fiz letras e pós-graduei em língua português pela UEMA.
 
Digo aos meus alunos não permitam serem “retratados em fotografias esmaecidas, amareladas”. Cuido da educação com zelo, conduzo os meus alunos a pensarem, jamais serem passivos diante da realidade.
 
Desde 1994, leciono as disciplinas de ciências e história no Centro de Ensino Cristovão Colombo. Ensinei no Colégio São José e no Marly Sarney e fui o primeiro diretor da Unidade de Ensino Maria de Nazareth Pereira Barbosa.
As letras e a arte elas se encontram, andam de mãos dadas, se misturam, se completam. Na administração de Raimunda Alves de Melo estive secretário de cultura. Nesse momento, deixei a minha marca ao ser um dos autores do projeto Fest Art.
“Quantas vezes o nosso eu poético chorou por não aceitar acusações do mundo. Fomos engendrados e lançados ao chão, feridos humilhados, machucados...”.
 
E eu fui morar no Pará, passei em dois concursos e por lá não finquei as raízes, pois a minha vida, a minha mãe estava aqui e voltei.
 
Fale um pouco mais sobre sua família e a infância em Lago da Pedra.
- Eu tenho seis irmãos. Fomos criados juntos e na lida pesada do campo. Entre meus familiares próximos não temos nenhum com essa veia poética. Mas se formos olhar a nossa história, achamos na moldura dos olhos um homem tropeiro, me refiro ao meu pai, que teve uma vida voltada a terra, as plantas, a água, o cheiro, o sol, o canto dos pássaros, o vento. Eu fiz parte dessa orquestra e essa beleza contemplativa ressoou em mim através das letras.
Eu sou filho de quem trabalhou no campo de sol a inverno, de quem calejou as mãos na labuta. Minha mãe estudou apenas a 1ª série, aprendeu a ler e escrever. Embora apenas eu seja o irmão que tenha estudado um pouco mais, digo que a vontade de vencer nos faz quebrar paradigmas, filho de pobre pode estudar e isso não deixará esquecer suas origens.
Até hoje quando eu e meus irmãos nos encontramos e falamos desse momento sentimos só alegrias e graças a Deus podemos dar risadas da vida.
O vinculo familiar entre eu e meus irmãos é muito arraigado. Tenho como confidente Marilene Evaristo Cavalcante. O Carlos Evaristo Cavalcante meu companheiro fiel de trabalho e de luta no campo. E para representar a alegria e a força de pensar e fazer o diferente temos José Evaristo e Marlene Evaristo Cavalcante.
E por falar nos Cavalcante. Uma curiosidade, você sabia que a família Cavalcante é a maior família mundial, e de origem italiana.
Ainda falando da infância, quais lagopedrenses destacariam.
Na aquarela da vida!!!
Amigos de infância não os tenho. A sensação é que nós nos desconhecemos. Moramos aqui, mas a distância é grande. Acredito que seja a minha seleção natural. Afirmo que tenho amigos, mas de forma resumida e verdadeira.
Quais professores você guarda na lembrança?
- Lembro carinhosamente de todos. E mais doce é lembrar. No paraíso das minhas lembranças, agradeço a professora Sheila Maria e professor Erismar da Silva. Eles me deram muita força para alcançar o patamar de hoje.
O patamar que você se refere é ser diretor do CELASP?
- Tentarei responder com um olhar poético. O poeta ele instiga, provoca esperanças e revoluções. Estar diretor da UEMA da minha cidade, um universo que forma conhecimentos nas pessoas, conhecimentos que as marcam como divisor de águas, uma vez que existe no acadêmico um marco antes e depois, quando este deixa de ser um acadêmico e passa a ser um profissional cientifico. Eu diria que o CESLAP é um trecho da estrada.
Estando a frente do CELASP, ou em sala de aula no Cristovão Colombo, e na coordenação do Núcleo de Tecnologias a Distância (UEMANET) emana dentro de mim um sentimento que estou cumprindo, a minha missão enquanto educador e esse azeitamento, esse é o tempero do meu ser poeta.
O meu trabalho ele segue o positivismo da vida por que estou apanhando a fortaleza que tem o poeta para conduzir saberes, colaborar com o futuro de cidadãos.
Essa interpretação, mais do que isso, a minha convicção é por que o poeta é um repórter do meio do povo. Nós imprimimos o que a alma reveste. Somos um pouco crianças. Buscamos sempre um com-texto. Na minha loucura, eu sou fortaleza do equilíbrio entre lucidez e distração. Nas palavras ouço sonoridades, há imagens e significados.
O poeta ele trilha entre o conhecimento. E a leitura de mundo e poesia me faz afirmar que se estou na UEMA é por méritos, por que sou vencedor. Desafios existem e são gigantescos.
Também sou aprendiz e aprendo no dia a dia como enfrentar os obstáculos que encontro, pois eu não sei coisa nenhuma. Cecília Meireles nos deixa um convite a refletir “ não-saber-sabendo”. E o poeta bebe nessa fonte e quem sabe por isso, podemos dizer que seja a linguagem da possibilidade, do talvez, do certamente. E ainda pensando em Cecília cito: “Não venci todas as vezes que lutei, mas perdi todas as vezes que deixei de lutar".
Que nomes exerceram influência na sua formação de poeta?
 
- Minha viagem a pergunta, faz eu navegar nos mares de ser um educador e gostar de ser um educador. Então, me visto nas interpretações do poeta, filósofo e historiador alemão Schiller, as concordâncias que ele faz com Kant e somando a eles o poeta, escritor e filósofo Novalis.
 
A educação que ilumina o esclarecimento; a ação humana fundamentada na razão, sem perder o brilho do romantismo.
 
A inspiração ela é uma praça que abriga passeios. E a luz desse teatro ao ar livre, no meu palco, eu desenho palavras ingênuas. Na minha cabeceira tenho companhias de Fernando Pessoa, Aluizio de Azevedo, José de Alencar, Ferreira Gullar, Mário Quintana, Machado de Assis e em especial João Mohana. Eles me dão suporte nos meus rabiscos.
 
Você está começando a ser chamado de “poeta”. Como você se sente?
 
- Livre. Um andarilho que me permiti ser ousado por que traz na bagagem a realidade.
 
E nesse voo recorro a figura do pardal, que é forte em mim. Ele exerce o seu direito de ir e vir. Aí eu equiparo a essa garantia de todo cidadão, um instrumento chamado educação. Quero estar na sala de aula, mexer na terra, ficar com minha família. Assim ganho passaporte pra mergulhar nos mistérios da vida, na complexidade humana e no papel em branco. Não abro mão de escrever com lápis e ter sempre borracha.
 
Não sei se respondi a sua pergunta. Pra entender melhor, curto jogar vôlei, pois o jogo é o mesmo que faço na criação poética.
Assim me sinto poeta da vida.
 
“Eu tenho. Tu tens. Nós temos
Mas eu não tenho
O direito de:
De querer, de buscar, de viver, de conquistar
Tu tens? – Sei que tens
Mas fico no desejo de querer poder
Que foges de mim, que não chegas a me alçar.”
 
 
Fale-nos do polêmico José Haroldo.
 
Aqui queria citar uma poesia em que vc falava em vomitar na cara... mas não achei acho que vc excluiu... lembra do...
 
- As pessoas me modelaram a aprender me impor. E para enfrentar a hipocrisia eu adotei um dizer afiado: “Respeitar, respeito a todos, mas considero que me considera”. Talvez isto tenha me configurado pelos outros uma rotulação de personalismo polêmico.
 
Quais são seus planos para o futuro?
 
- Sou atraído pela ideia de me envolver com a comunicação. Ao gerenciar com mais assiduidade do meu face pessoal, do face do poeta, da minha página no Recanto das Letras, a qual convido todos a visitarem e deixarem seu comentário.
http://www.recantodasletras.com.br/autores/kbcavalcante
Então, eu recordo aqui que eu cultivava o sonho de ser radialista. Não fui ser, porém decidir vivenciar a comunicação através das letras. Foi o bastante pra eu começar escrever sobre temas de cunho social. São pulsantes em mim constantes questionamentos político-sociais. Seguirei esse viés.
 
Outro foco que ainda é um projeto guardado a espera de um tempo é colaborar indiretamente com projetos culturais.
 
Em 2004 tive o desejo de criar um bloco chamado Batuque, e não conseguir. Fui convidado por Genésio Fernandes para assumir a presidência do Bloco Jacaré do Lago, eu não aceitei, porém fui afrontado por uma pessoa e isso foi o mesmo que cutucar onça com vara curta. Decidir unir forças com a comunidade do Jaguar e fazer memória cultural em Lago da Pedra. O bloco recebeu quatro títulos consecutivos de campeão e um vice. Tenha essa força em mim quando assumo qualquer projeto.
 
Podemos dizer que temos um poeta político.
- Ideologia e sistema não é uma combinação que bate a porta dos meus sentimentos.
 
“Uma das piores “coisas do bicho homem” é não bastar a ele “ser”,
É ele simplesmente querer aparecer...”
 
 
Na embriagues da vaidade o ser humano busca a qualquer custo aparecer sem medida, sem escrúpulo e sem nenhum respeito ao outro...”.
 
 
“Nos perdemos então a beira do encantamento e da veracidade da vida e dos fatos que nos une: o amor pela vida e a rejeição à prepotência”.
 
Abordar o meu eu político emergi sonhos, desilusões e realizações. É visível nos meus manuscritos a sensibilidade e o poder, ambos cruzam-se reciprocamente. E nessa autocrítica busco o olhar do nosso Carlos Drummond de Andrade.
 
Ler o mundo não é fácil, é preciso coragem pra “ler o mundo antes das palavras”.
 
Em 2008, foi analisado a possibilidade em eu sair candidato a vereador. Seria uma oportunidade pra eu elaborar projetos sociais e autossustentáveis voltado em especial aos jovens e lavradores. Esse desejo foi sufocado, Lago da Pedra naquele momento já era visto como um celeiro de compra e venda de favorecimentos eleitoreiros. Eu já não podia encostar em casa pra almoçar que já encontrava tanta gente com cartões a serem pagos, prestações, contas de energia e etc. Eu parei refletir e desistir. O povo tem o político que ele merece. E eu não merecia aquele tipo de eleitor que se vende. Queria ser a voz do povo. Gostaria de ser avaliado pelo meu caráter, pelas minhas propostas e não pelos favores cifrados.
 
Todo poeta canta a sua terra, qual a mensagem que você deixa na passagem dos sessenta anos de Lago da Pedra.
- Eu louvo a minha rainha Lago da Pedra com palavras. Sou apaixonado pela minha terra desde quando aprendi a respirar o ar que ela me inspira a querer viver.
Minha senhora, obrigado por você permitir eu ser dono da vida.
O Amanhecer em Lago da Pedra

Ao levantar-me pela aurora da manhã
Embelezo-me por teus encantos
Morros e montanhas que nos cercam por todos os lados
Vegetação não tão mais como antes mas resplandece o verde que nos garante a prosseguir
O raiar do sol que nos rodear vem enaltecer e dá brilho própria a essa gente que é gente da gente.
O portal de boas vindas é atraente e sedutor
Abre-se as cortinas de brilho e de luz a quem é daqui ou não
O lagopedrense enche-se de orgulho em apresentar sob a luz do sol nossas belezas mil.

Lago da Pedra
Cidade cercada por morros e babaçuais
De gente que canta e encanta com sua sabedoria
Alguns se perderam no tempo e contam o saudosismo por sua terra

Eu como bom filho desta, canto terra do amor da prosperidade, da sinceridade
Terra de homens e mulheres sonhadoras e batalhadoras que vivem com a força de seu trabalho e de sua singela competência
Terra que canta e encanta sua gente.

 (J. H. E. Cavalcante)