Veleidades
Pressinto-te,
nas cálidas águas
que as nascentes segregam,
no leito que banha os sentidos
e me molha de sonhos atrevidos.
Imagino-te,
corpo embriagado de nudez,
deleitosa, à mercê da folhagem
abandonada à terra quente
e odor inebriante pela aragem.
Desejo-te,
fêmea lasciva e ardente,
minha amante sem demora…
E és ânsia que me esgaça,
mão insolente que devassa
a vã solidão que me devora.
Na margem onde arde o pecado
profano é o fogo que trago
quando me afago por ti…
Ansiedade que consente
buliçosos movimentos
que se soltam na corrente…
_E são já os teus dedos,
tua boca, teu afago sensual,
meu desejo em desvario
no vazio que a alma sente,
ilusão que em mim se despe
nesta inocência carnal,
que é seiva no meu corpo
néctar de amora silvestre
teu rasto de corça com cio
galgando as pedras do meu rio.
Rui Tojeira
Pintura 'Joe Bowler'
Comentários
HelderOliveira
Dom, 02/11/2014 - 19:26
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Gostei muito de ler o seu
Gostei muito de ler o seu poema, Rui Tojeira. Está muito bem estruturado e proporciona uma leitura bastante agradavel.
Um abraço,
Helder Oliveira
Rui Tojeira
Dom, 02/11/2014 - 22:36
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Obrigado caro Helder pela
Obrigado caro Helder pela apreciação.
Um abraço amigo.