Em vigília
Autor: Frederico De Castro on Friday, 24 April 2015
Quis sentir
o gosto apaladado
nesse teu jeito voluntário
com que me embriagas espontânea
tão plena e solidária
Quis repartir
dois tempos de mim
em breves momentos em que
me cinjo aleatório aos teus
mágicos sorrisos
que me ofertas
em pedaços solitários de amor
enfeitados ,recíprocos
renovados a cada desertora
manhã que cresce em nós
Quis silenciar
em vigílias nossas dispersas
tréguas
convidar-te a renascer comigo
na prontidão ferida onde
o luar deságua límpido de trevas
excitando meus carinhos
esculpidos a régua e esquadro
como relâmpagos fulgurantes
de queixumes emocionados
Escondi-me da luz sedutora
expressiva e tão calma
que se estende contemplando
apelativa este recôndito
exílio onde esculpimos nossa
derradeira história
embriagada pelo decote do tempo
por quem nesse teu jeito
de segredo em segredo
hoje me acossa a vida conciliadora
peremptória em brados e folguedos
Quis sonhar
sem ali esperar tua presença
aguardando imperceptível
qualquer resíduo
alusivo ao teu ser
sair por aí
procurar-te obsessivo
até desnudar-se a noite lúdica
que se espraia continuamente
em ti
Voltaria ao mesmo local
onde deixei inóspitos
beijos declarados a ti
tragaria todo o tempo
só para te doar minha
declaração de presumível inocência
afinadamente comovida
em tons suaves
de poesia assim imortalizada
e seduzida
Escutaria o canto
selectivo dos ventos
só pra me embriagar
de ti
Revolveria todos os vazios
que me deixaste
só pra te encher de
vida novamente
e jamais trocaria quaisquer
actos de assomada alegria
subserviente ou até
casualmente resignada
por tristezas cativas
melancolicamente diluídas
em platónicos desejos
eu sei
às vezes tão egoístas
O que não existe
mais
tentarei decifrar-te
com precisão que minhas
ânsias sepultam
a cada entrega apaixonante
ilimitada
onde sossegamos tantas vagas
do nosso mar
em vigílias divertidas
pacientes, irremediavelmente
de ti
emergindo esplêndida e aturdida
FC
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Comentários
Madalena
Sáb, 25/04/2015 - 02:16
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Gostei e muito!
Gostei e muito!
A poesia é sempre bem vinda!
Abraços poéticos!
Raquel Vestia R...
2ª, 27/04/2015 - 13:04
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Utopia do amor
Como no mar não conseguimos adivinhar a onda que vem a seguir, mas temos essa ânsia de a conhecer, no amor também as suas vicissitudes fazem ansiar. Ansiar apaixoná-lo.
Parabéns, adorei o seu poema.
Cumprimentos