Vigília
Meu Ocaso, minha irmã, meu sono...
Dei-me a beber.
Sou menos meu e mais do outro.
Como adivinharia os dedos por trás do mundo?
Depois de ti varreram-me o azul dos dias.
Tenho demasiada Europa derramada sobre mim...
Já não posso voltar.
Sinto-me banido.
Depois de um deserto vem outro.
Atrás de um Inferno, Outro.
Estou doente,
faz frio dentro de mim.
Se tento voltar atrás
vejo-me em contra-mão
com a vida...
Se me olho nos olhos,
apenas me vejo a mim
que me olho nos olhos,
onde me vejo só a mim
que me olho nos olhos,
onde me vejo a mim...
À frente de mim... nada:
Nem meta,
nem boca,
nem prémio,
nem...
Lembro-me quando existia
só nos teus lábios...
Quando nada tinha a perder,
porque tinha as mãos nuas...
Já não sonho.
A Poesia em excesso foi negra noite,
E é precisamente noite,
só noite,
o que me sai das mãos...
Já nada tenho para dar.
Estou prestes a encenar o meu último poema.
Com a vida
Partirei zangado,
confuso,
ausente,
sem palco...
Dir-te-ei Adeus!
Meu ocaso, minha irmã, meu sono...
Comentários
conceição corde...
Sáb, 24/08/2013 - 02:51
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Não digas adeus ainda,
Não digas adeus ainda,
lute mais um pouco,
Não saia do palco sem dar seu show.
Parabéns!
Madalena
Sáb, 24/08/2013 - 04:56
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SE VOCÊ DECER DO PALCO...COMO
SE VOCÊ DECER DO PALCO...COMO VOU ASSITIR A PEÇA?
VOU CORRER EM BUSCA TUA, NA NOITE TRISTE E NUA!
P/ Ex-Ricardo...
Abraços!