Clarice Lis Marcon "Maçãs que caem"
Livro.
2013.
Poesia fã clube.
O amor é uma semente de maçã. Seu crescimento nos enche de ramos esparsos e coexistentes. A árvore nos dá os frutos e seu estado permanente é o de crescimento. O fruto proibido cai sobre as nossas cabeças e liberta feras e dionísios em nossa existência. Provamos o pecado a cada instante em que nos palpita o coração. O sangue quer fugir. Ele corre pulsante nos corpos ardentes e nos enche de vivacidade. O Universo é pleno. Único. Completo. Seus corpos celestes viajam no tempo e no espaço e giram em harmonia e complementaridade. Sua perfeição conhece o caos, criador dentro de Supernovas, explosivo dentro das almas. Nas vidas mundanas, o destino cai como um raio e aponta caminhos a serem iluminados com os passos. Os passos árduos conhecem a beira do precipício. Conhecem a encruzilhada. A decisão. A responsabilidade de alterar o caminho. O futuro, caótico, apocalíptico, explosivo, intrusivo, mais do que visível. Visceral. A força sob os pés. A força da espada. O dorso. O homem. A luta. O Universo em conflito. O Yin e o Yang. O bem e o mal. A matemática binária. As máquinas. A modernidade. Os dias. Os ares. A força súbita da mano faber. A salvação. A voz da alma. A sinceridade. A semente que cai na terra e gera a árvore. Os frutos que dela caem. As sementes que eles trazem. A essência criadora do fruto e da árvore. O pecado original. Eva. A mulher. A humanidade. A gravidade. A inexorabilidade. A inevitabilidade. O certo. A queda. O profético. A cobra rastejante que sobe pelo corpo liberto. O desejo que escorre nu entre as pernas. O improvável. O descartável.
A poesia,
vã maçã.