Amante de pele nua
Nasce a espuma na boca do Sol da ternura,
navego o limiar do teu corpo
mais amante durante a cintilância da lua.
Rendo-me ao alfabeto de nexo desmedido,
rendo-me à desordem das ondas,
não posso não desejar
o desejo de jamais ter-te em mim,
desce porém até à argila húmida,
bebe-me a sede tão perdidamente sem nome.
E começa a minha mão a tocar-te
no fundo da vida,
onde somente o segredo da manhã grita,
somente a existência de nós,
somente uma madrugada
continua sentindo a fonte viva.
Escrevo-te a entrada do corpo
vibrante de água,
para somente mergulhares
na fúria e na ternura.
Digo o verbo existir em cada fôlego ardente,
respiro o movimento livre da duração,
sou amante de pele nua
onde o texto continua sentindo fome.
Gila Moreira 27/03/2014