Amante de pele nua

Paulo Gonzo - She

Nasce a espuma na boca do Sol da ternura,

navego o limiar do teu corpo

mais amante durante a cintilância da lua.

 

Rendo-me ao alfabeto de nexo desmedido,

rendo-me à desordem das ondas,

não posso não desejar

o desejo de jamais ter-te em mim,

desce porém até à argila húmida,

bebe-me a sede tão perdidamente sem nome.

 

E começa a minha mão a tocar-te

no fundo da vida,

onde somente o segredo da manhã grita,

somente a existência de nós,

somente uma madrugada

continua sentindo a fonte viva.

 

Escrevo-te a entrada do corpo

vibrante de água,

para somente mergulhares

na fúria e na ternura.

 

Digo o verbo existir em cada fôlego ardente,

respiro o movimento livre da duração,

sou amante de pele nua

onde o texto continua sentindo fome.

 

Gila Moreira 27/03/2014                             

 

 

 

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