Quando o tempo
Quando o tempo deixar de ser tempo
E eu estiver adormecido...
Vem me visitar de quando em vez
Olharás para o relógio de ponteiros entorpecidos
De um tempo que não passa...e me deixarás
E nunca voltarás!!... quando eu acordar...
Levantar-me-ei e correrei nos céus ...até que morras também
Se tu não estiveres para me abraçar
Procurarei os braços de alguém
Em busca de acalentar a alma
Que interessa que te tenha deixado
Ou que tenha morrido ...sem te escrever uma carta de amor
O que interessa é ter na alma a ternura de escrever
Não me importa que já não seja para ti
Escrevo para mim...para eu ler e chorar o que escrevo
Para ler e esperar que alguém escreva uma canção
Que seja um fado...triste e magoado
Numa colina de Lisboa...cidade que amei
E de onde partirei...procurando por ti
Não sei se serei o mesmo que abandonaste entre ciprestes
Não sei se direi o mesmo
Apenas uma trova sairá numa canção
Um fado de imensidão
Quando o tempo deixar de ser tempo
Olharás para o relógio de ponteiros entorpecidos
E jamais lembrarás os tempos idos
Minha mente calcinada...esquecerá os tempos infindos
Lembrarei apenas os rostos que têm passado por mim
Numa calçada de basalto a preto e branco
E por sonhar tão alto...ouvirei um fado
Cantado numa tasca ...de um artista que de tão rasca
Nunca chegou á radio e televisão
Um Fado vadio...como foi a minha alma
Que apesar de ter escrito um fado
...Nunca soube cantar ....e nunca foi de ninguém
Uma alma vadia
Que toda a vida esperou um acalento
Uma alma que agora morreu
E apenas sussurra cantada pelo vento
Que interessa que te tenha deixado
Ou que tenha morrido ...sem te escrever uma carta de amor
O que interessa é ter na alma a ternura de escrever
Não me importa que já não seja para ti
Escrevo para mim...para eu ler e chorar o que escrevo
Quando o tempo deixar de ser tempo
Olharás para o relógio de ponteiros entorpecidos
Lembrarás o tempo já ido
E olharás o espelho ...disfarçando as rugas do rosto
Que outrora foi belo e delicado
Lembrarás o meu rosto que jamais se ocultou nele
Pentearás o teu cabelo...agora branco...e fino
E a lágrima de cristal ...surgirá, intensa
Pura... e ...cristalina
Comentários
Rodrigo Dias
6ª, 25/07/2014 - 13:49
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Brilhante
Amigo, achei sensacional sua poesia! Sua relação de tempo foi perfeita! Acho que dialogamos com as minhas "O Tempo" e "Nosso Tempo". Dê uma lida depois...
Madalena
Sáb, 26/07/2014 - 03:31
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É acordar para o tempo e
É acordar para o tempo e amar enquanto é tempo!
O tempo passa rápidamente!
Às vezes nem se sente.
Abraços!