nada
nada pode advir
de um senso vago
nem mesmo a gota
que sacie
o animal precário
alienado de si
mas basta
uma simples reflexão
delineada
para se constatar
no lúmen
a razão inerente
consciente de si
estou distante dos preconceitos subalternos que abandonei; distante dos imbróglios malditos que ameaçaram a minha sobrevivência; distante do comportamento perverso das multidões; distante da minha infância transfigurada.
evito aqueles que manipulam a verdade para a submeterem aos calafrios da prepotência; que expelem um linguarejar esperançoso oriundo das suas crenças dogmáticas; que excitam as almas delicadas com as suas tenebrosas interpretações.
sou daqueles que valorizam as suas benesses caloiras; as reflexões nascidas dos seus pleitos; os queixumes oriundos da penúria ética que vão encontrando; as virtudes desenroladas no chão fértil da sua poesia.
a poesia torneia as mecânicas posturas para resgatar o seu criador; recolhe os seus juízos no altar da idealidade; neutraliza os preconceitos falidos da humana condição.
polemiza-se a origem da vida
mas não
sua postergação ou devir
polemiza-se a penúria do homem
mas não
seu amplo potencial
polemiza-se o êxodo dos pássaros
mas não
sua lição de voo
polemiza-se o problema global
mas não
sua intrínseca resolução
a poesia expande-se no tablado da erudição quando transforma os nossos devaneios em relatos íntimos; ou quando desmorona a muralha das minhas vicissitudes estimulando os os nossos intentos jubilosos.