Doce desejo

Eu passo a mão
Por entre seus cabelos
Descendo meus lábios 
Vou sentindo o seu cheiro
Caminho com minhas mãos
Por entre seu corpo
E sua voz doce, e suave
Vai me distraindo pouco a pouco
Acaricio sua pele
Seu rosto macio
O seu corpo vai me esquentando
Nesse quarto tão frio
Esse beijo ardente
Esses olhos tão carente
Deixando a pele arrepiada
Vai deixando tudo quente

Brisa

 

Mar de vento tece em mim brisa mansinha

Preenchendo todos os espaços devagar

Qualquer coisa suspensa em leveza de espuma

Breve odor molhado

Cumplicidades de areia

Fio de desejo apertado

Contemplo-me lendo-me nos teus sinais

Fundir-me em ti e desaguar

Algo irá acontecer

Algo irá acontecer

No rastejar livre das minhas raízes sólidas

Do ar, um cócó de pássaro cai no ombro da minha folha

Esborrata-se todo no ramo e desce caminhos de voo

 

Algo terá que acontecer, algo irá acontecer

O galo que canta sempre cedo demais ou demasiado tarde

Sem metas e sem desafios, um galo livre de cantos

Nas veias do relvado ensopado de água

 

Espuma

Leveza de todas as cores projectadas na distância

Flutuar breve e rasteiro feito de brisa

Todos os sentidos se espraiam preguiçosamente quando chamo por ti

Cânticos que entoam na areia sedenta dobrada sobre os poros

Coisas comuns feitas de espuma num arrepio de prazer

PC

 

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