Quarto minguante

Quarto minguante
 
Sei afinal 
porque sonhava
representando esta
febril eternidade a cada momento...
nada é mais
que um afecto desmedido
profundamente a ti convertido
sem mais lamentos
que a dor já esmiuçou
porque hoje não sou mais minguante
rasgando teu relevo no tempo
de quarto em quarto
perdido na rosa dos ventos
deixei somente de ser lua
que a nua palavra minha testemunha

Cinzento

Cinzento
Nem tudo é cinzento para sempre!
Embora lá tentar, acabar ainda é cedo
Há sempre um novo caminho
deita fora o capuz do medo
Sente que nao estás sozinho!
Esquece as horas más
E as vezes que foste esquecido
Porcura em ti a paz
luta, não te sintas vencido
Há qualquer coisa em ti
que os outros ainda nao sabem.
Quem te julga já no fim
não saberá as portas que se abrem.
Se não sabes voar tens que correr
mas nao fiques parado
mostra que vives o presente

Escravos de nós próprios

ESCRAVOS DE NÓS PRÓPRIOS
(poema em redondilha menor)

* * *
Homens e mulheres
vão ditando as leis...
Com plenos poderes,
se proclamam reis.

E mandam no mundo
a seu bel-prazer...
Que haverá no fundo
para lhes dizer?!...

Passamos p'la vida
sem pudor no rosto...
Inútil comida,
quem lhe toma o gosto?...

Vamos apressados
vendo sempre pouco...
Pobres condenados
com porte de loucos.

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