Abandono
Autor: Arlete Klens on Saturday, 8 February 2014No corpo o sabor do amor.
No corpo o sabor do amor.
Ouço os primeiros choros, já é madrugada.
Ainda a escuridão entra pela janela.
Um amor de noite
Manhã
Calorzinho bom.
A escuridão dissolve as paredes brancas
há silêncio no silêncio
onde as minhas mãos anseiam a ausência de gestos rotineiros.
Encosto-me e deixo-me deslizar até ao chão frio,
abandonando a pressão quotidiana.
Não quero vozes que me interrompam,
nem memórias de gente a rodear-me.
Somente o silêncio do silêncio onde me construo e sou.
Ouves o meu uivar de lobos?
Despe as memorias do silêncio,
agita o fogo que acende os corpos de pele nua,
aproxima a noite estreita e perde o rumo.
Sou a boca no coração do deserto, onde
por fim faz sol,
eu recomeço em quase ou talvez,
onde o grito do excesso perdura.
Continuas a ouvir o meu uivar de lobos?
Tacteia o espírito maduro,
crê no fermento ofegante deste Amor,