Um dia

Se um dia eu te ver talvez eu diga olá, se houve tempo suficiente para as mágoas abrandar. Só não posso prometer, nem sorrir, nem chorar.

Charles Silva

A céu aberto

Talvez os meus braços não tenham sido suficientes, ou quem sabe os afagos também não. Quem sabe eu não tenha merecido ser feliz, quem sabe o amor não quis. O sol dos meus dias não é mais o mesmo, deve estar mais frio, ou com pena de mim, para que no meu caminhar, eu não queime a céu aberto.

Charles Silva

Fuga

Preciso não desistir, preciso prestar atenção na estrada, preciso não dormir. Preciso seguir em frente, preciso atravessar esse deserto antes que o sol se ponha. A noite virá, e com ela baixas temperaturas. Preciso resistir ao vento, ao tempo, aos meus ferimentos que sangram mal suturados, talvez consiga chegar antes de perder os sentidos. Se não, tudo estará perdido, e nada terá valido a pena.

Charles Silva

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O dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordo-

o na rua: Sr Bilac, estou precisando vender o meu Sítio, que o senhor tão bem sabe.

  Poderá redigir o anúncio para o Jornal?

Olavo Bilac apanhou o papel e escreveu:

"  Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer, no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marjantantes Águas de um ribeiro.

ONDE ESTÁ ESSA VIDA?

Onde está essa vida

Outrora prometida

Em que estarias

Nos meus braços

E ambos nos abraços

Desse Morfeu

Que nada me deu

A não ser

Ó ! Vida minha por muito tempo já morta !
Melhor és que todas outras minhas vivas,
Se o tempo que o traz te dê tanta volta,
Aqui estarei esperando-á com as brisas.

Em mim volte e continuarás viver solta,
Vinde á minha alma para que o avivas,
Nem que sobrar de si apenas uma gota;
O teu fôlego meu, traga no coração que poetisas.

Tão cruel tem sido o tempo para contigo,
Como para conosco diferente não tem sido;
Rasgando o nosso enfermo coração à alma;