Não sei

Sempre que escrevo fico a pensar...
Essa folha de papel sairá desse caderno e ir para um livro?
Verei pessoas segurando meus livros contra o peito?
Verei críticos analisando meus poemas?

Quem irá perguntar pelo meu livro um dia?
Será que um dia estarei numa sala falando sobre poesia com os grandes?
Andarei nas ruas e ver meu livro numa vitrine?
Escutarei meu nome vindo de um desconhecido?

CONCHA VAZIA

Teu coração é uma concha vazia
Mergulhado em uma alma indiferente,
Onde afoguei meus doces sentimentos;
Teu coração nunca tem melodia,
E por mim ele bate lentamente
Com dobres sonolentos!

É um altar onde as apagadas piras
De trevas enchem as imagens santas,
O santuário de minha afeição!
É um solitário espaço cheio de iras,
Onde derramei outrora meus prantos...
Sepultaste a paixão!

Fados Portugueses

Escorre de todo Fado
uma dor verde e vermelha
que a nenhuma outra se assemelha,
pois a triste lusa saudade,
é mais que uma ausente metade.

Lágrimas dedilhadas em Ré sustenido,
São soluços incontidos
por amores e corações partidos.

Cantam as trágicas belezas camonianas
guardadas entre brancas rendas açorianas.
Cantam a doçura de Inês e o muito sentir
que os versos de Filippi espalha pelo Tejo.
Cantam a Musa eterna
e o meu amor sobejo.

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