A NATUREZA HUMANA

 

 

 

a vida é a natureza

e a natureza é da vida

e de seus comprometimentos

 

onde há sombra

me escoro e disfarço

onde há sol

me recolho e vitupero

com o cabide de meus olhos

suspenso por tripas e ptose palpebral

 

minha noite eu faço de sinas

meu dia de desalinhos

nos pespontos de meus jeans

 

e se me falta algo

rezo para que não me escasseie a esperança

e a benevolência de Deus

 

e se algo me sobejar

oro em agradecimentos

POR DENTRO

 

 

 

ando

como se tivesse nas pegadas

halteres de fisiculturismo

e quando a chuva

inunda de asas

o êxodo dos insetos

sou o halo da existência

e seu contato com a estação

e

sem querer

me vejo através dos flocos

de voragem

que me desatam a névoa

dos olhos

como borboletas assépticas

soltas

na atmosfera

sem enigma de aragem

ou tolice de hera

 

Imaginar

E se fizermos tudo o que queremos

Sem planos para que pensar

Buscar assim tudo que podemos

Nos grandes pequenos detalhes que podemos sonhar

E se esta magia fosse real

Demasiado leve para nos perdermos nela

Poder sem um estranho animal

Que aos olhos famintos fosse simplesmente bela

E se as estradas nos levassem ao paraíso

Àqueles que pelo caminho acabamos por perder

Eu podia ver novamente o meu sorriso

E abraçar aqueles que nunca vamos esquecer

E se a vida é realmente um mistério

Memórias

Em outrora éramos mais felizes
Tão felizes que riamos por nada
Guardamos na mente os deslizes
Os escorregadios da vida enfada

No fulcro empoeirado lá encontra
O apego que outrora houvera
Limpe-se de orgulho que se afronta
Das sujeiras que não te regenera

Tem medo da minha rejeição
No fundo se você ficasse
O aprendizado era a perfeição
Quem dera se eu te abdicasse

Suicídio

Deixo a carta para ninguém.
Enforquei-me com estrelas.
O ar imbuído de cinzas,
Das nuvens desce a corda
Perscrutando meu  braço.
O tecido da realidade rasga,
Francamente… recortado.
Membros bailando o vento:
A pictórica imagem do fim.
Os pássaros depenaram,
O horizonte agora estreito,
Meu voo já não é nu 
E a vida espremida ao peito.

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