Ao fundo - o real

Ao fundo – o real
Esbatida a veia da singularidade, um forte âmago de querer controlar a perversidade das flores e contudo nas esquinas dos edifícios; a surpresa do tudo e do nada, mesmo que com sete chaves do céu, um manto luminoso que dita cuidado; se mostre por fim e austero e castrador!
O culto da mulher envolto em pergaminho e num só punho fechado envolto em violetas e safiras; oferecido ao infinito e fim das solidões …

Romance sonâmbulo

 

(A Gloria Giner e a
Fernando de los Rios)

Verde que te quero verde.
Verde vento. Verdes ramas.
O barco vai sobre o mar
e o cavalo na montanha.
Com a sombra pela cintura
ela sonha na varanda,
verde carne, tranças verdes,
com olhos de fria prata.
Verde que te quero verde.
Por sob a lua gitana,
as coisas estão mirando-a
e ela não pode mirá-las.

LIVRE EM EM PAZ

Eu não tenho medo da morte
Alias, eu nunca tive!
Meu medo é depois, pois com a minha sorte
talvez eu não consiga descansar em paz... e livre.

Sim, livre! Como ansiaram,
desesperadamente os escravos negros.
E continuaram escravos juntamente com brancos, mulatos, mestiços...
Livre, como os que voam sem necessidades de motores, amarras, colas ou pregos.
Como pássaros!
Há neles qualquer coisa de milagres ou feitiços.

O cair da noite

Caí a noite na minha janela
Abrem-se as portas da fantasia
Espalha-se pelo ar o perfume da canela
E pelo chão espinhos em demasia

Acendem-se as velas da imaginação
Arrancam-se os cortinados da alma
Espreita-se por uma fresta do coração
Tempera-se o desejo com óleo de palma

Enfeita-se o céu na madrugada
Com estrelas de fogo de artificio
Dança-se nua na festa sagrada
E tudo volta ao início...

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