Olhos de vidro

 

Olhos de vidro

 

Olhos de vidro,

Nervo ótico ofendido, deteriorado.

Imagens forçadas, fantasiosas, perfeitas, imperfeitas.

Guia do guia não guiado, criado mentalmente, inconsciente-consciente.

Ali, tudo se cria pela resistência inabalável,

Pela luta sofrida, incansável, admirável de se ver.

 

Olhos de vidro,

São para poucos, para aqueles que sabem viver.

Que buscam sentindo, explicações não explicadas.

São para os poucos que aprenderam diferenciar a cor da dor.

NA VERTIGEM URBANA

Era uma vez, uma viagem em balão, como a do livro de Júlio Verne, só que já lá vão muitos mais do que oitenta dias. Decorreram muitos anos desde que o ser humano iniciou a sua própria demolição.
Não. Num balão vê-se o mundo de cima e por isso, as coisas, não ameaçam querer cair a todo o instante em cima de nós. Não, não é esse o caso.

Retalhos de escrita

1
Quando a ilusão vence o desassossego e o ânimo supera qualquer dor, num evadir da realidade inconexa, surgem fragmentos de resistência.
Atrevimento tempestuoso ao enfrentar do espelho que teima em sugerir a limpidez do mundo, esplêndida de cor.

2
Ladrilho de afectos
Emaranhados
Numa rua com sentido
Único.
Se entrechocam em vozes
Despegadas nas insignificâncias.
Dívidas humildes de vida
Em neutralização da paciência.

Espumado amor de navegação a bom porto.

Espumado amor de navegação a bom porto.
Inquietude cristalina com sonhos aninhados nas ondas e transparências instaladas em nuas flutuações.
Vinculação sem dúvidas, entrecortada com as convulsões da incredulidade.
Consentir de vida, pré-natal, privado de raciocínio.
Indizível sentimento, ora bordado de ideal, ora convertido em fogo de artifício.
Suadouro da paixão e da desorientação onde emoções, sem calendário, que se entrechocam na fervência visceral.

Poltrona do consolo. Edifício privilegiado, no seio de periferias dispersas como mosaicos.

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