Pensamento que voa

 

“ Pensamento que voa…”

 

Solto, tão leve e transparente,

No intuito, ou na consciência,

Na vontade, ou no arrependimento,

Tu, que vives fora e dentro,

Não dormes por um momento,

Existes no infinito,

Danças em rodopios, que na alma ficam para sempre,

Rasgas olhares que não vêem,

Entras, sais, por um momento,

Viajante

 

“ Viajante…”

Como seguir, sem as estrelas, nuas…

Despidas do cosmos presente,

Na imensidão constante,

Na profundidade e incerteza…

Onde me coloco? Em que ponto?

No presente, no instante, na existência do espaço,

Na impotência, na ignorância, na crueldade,

Na eloquência…

Na inexactidão do espaço,

Auto- Retrato

 

“ Auto-retrato”

 

Sou tudo aquilo que sou, na ambiguidade, nos extremos da vida,

Corpo cansado, atirado, na ira da hipocrisia,

Sou espirito, sou alma, sou sangue, sou rio que corre em mim,

Sou a pele que cobre a dor, sou tudo o que fica no fim…

Sou ansiedade, nas questões que enlaço,

Inconstância, nas respostas que não tenho,

Sou prisão, no meu espaço apertado,

Resentimento

 

“ Resentimento…”

 

Sons que percorrem a mente,

Consomem a sombra da noite,

Levam o corpo deitado,

Deixam-me ali, simplesmente…

 

Deixam a ausência de um sonho,

Refugo de um pesadelo,

Deixam a lágrima que lava,

A mentira que ali me deitou…

Levam-me o dia passado, um momento que não registei,

Formiga

Cores deitadas, são folhas
O verde que cresce renasce
Castanhos novos buscam o sol
Recortes de luz chegam por entre o ar
E o tempo não existe

De repente o sol queima
Mas a pedra é fria
Mata o conforto do descanso
Rompe o silêncio
O movimento sem peso

Pequenos seres chegam
Vêem o enorme com espanto
Desconhecem a sua vida
O seu peso
Os seus sentidos

Buscam mais para si
O seu ser é também um gigante
Que cresce com pequenas dádivas
Um toque, um momento
E segue o seu caminho

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