Se depois de eu morrer
Autor: Alberto Caeiro on Thursday, 24 January 2013
Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
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Porque é que te odeiam os homens se os levas
A um mundo melhor?
Ó velha hospedeira da aldeia do nada,
Tenho as malas promptas, vou breve partir.
Prepara-me um quarto na tua pousada
Que tenha a janella para o sul voltada
E fontes á roda para eu dormir...
Acesse o link com a prévia do meu novo livro Histórias do Amanhã, AS CIDADES SUBMERSAS:
Paramnesia é um transtorno psíquico que leva a pessoa a lembrar - se de coisas que na verdade nunca aconteceram.........
Podesse eu junto a mim--eternamente!--
Sentir roçar, meu bem! o teu vestido
E ó ventura! o teu bafo enfebrecido,
Teu doce olhar e o teu sorrir doente!
Caia do monte o cedro! a grande molle!
Que feneça a _herva prata_ lá no val--
Que me importa!--e qual é meu grande mal
Que morra o cedro, e a planta s'estiole!...
Mas tu, meu bem! mais bella que a _herva prata_
Banhada pelo orvalho transparente...
Não quero que te vás de mim, ingrata,
--Nem teu olhar, nem teu sorrir doente!
Do estreito de índigo aos mares de Ossian, sobre o laranja e o rosa da areia
que banhou o céu bordô, acabam de subir e se cruzar bulevares de cristal
habitados de repente por jovens famílias pobres que se alimentam nas
Sinto que nada sou
E que nada vou ser
Pois para onde vou
Nunca chego a aparecer
Se apareço, logo desapareço
Como algo que não existe
Até eu, de mim me esqueço
Sou alguém que só assiste
Porque é que vivo
Se o meu corpo morreu
Para nada sirvo
Nem sei, quem sou eu
Qual a razão de tudo isto
Se sou o inverso
Porque é que existo
Neste mundo perverso
O meu corpo jaz
Transforma-se em pó...
Já estou em paz,
Mas continuo tão só...