O vento das cinzas

Até quando os ventos me jogarão?
Não tenho ideia ao que leva isso
Prostro mais um dia — clarão:
Estou cego pela mentira. Omisso,
Não da vida ou da sorte incerta;
A dona da tempestade bruma,
Dos júbilos da majestade serva 
E Rainha da rosa murcha:
Senhorita Morte me regojize  
Um último desejo material:
Incinerar meu corpo que exprime
O melodrama da vida lacrimal.
Minha existência voará ao poço

Pareidolia

Vejo sombras nos arames
Tateio enforcamento na luz
Querem costurar meus ossos
Sob os pecados da carne

Pisco uma ou duas vezes 
E lá fito Saturno encarando 
Sou tão megalomaníaco 
Que acredito ser um lunático

O Deus dos fins a violar-me
Quem dera se fosse real 
Deve ser a autoconfirmação
Da minha virtude desleal 

 

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