o escaparate das utopias
Autor: António Tê Santos on Thursday, 17 March 2022o pranto juvenil reuniu objetivos que invadiram a minha razão gerando centelhas de coerência nos exageros que se seguiram; e teve a concórdia como alvo quando integrou a dor nos novelos da poesia.
Demiurgo
Autor: Reirazinho on Wednesday, 16 March 2022A linha do universo é tua,
E o embaraço que atua
Enrola na teia íngreme
A humanidade tisne:
Presa na arma: matéria
Aracnídeo torra a pérfida
Raça humana, mas logra
Deus e teus anjos afora
Não há escapatória
O rei da misericórdia
É o carrasco do júbilo,
Como és o murmúrio
Dos ventos fatídicos
De invernos lúdricos
NATIVA HORA CATIVA
Autor: FERNANDO ANTÔNI... on Wednesday, 16 March 2022
i.
nas cavernas e grutas
se esconde a idade média
e um certo confronto
infame infante
ii.
tenaz alvoroço e traços
de um chicote de plantas
nativa hora cativa
plasma volátil na haste
iii.
a hidrogena lagoa
degola o pássaro-míssil
embaraça o sexto sentido
e perfura as nuvens de viés
iv.
desfaz a carícia da sombra
e à mercê do sufrágio
garante a valsa abstrata
que oscila no pêndulo preciso
o escaparate das utopias
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 15 March 2022a minha têmpera persistente galgou o trilho das incertezas: não existia a clarividência nem a metamorfose sentimental quando nas controvérsias eu projetava os meus dissabores e os meus exasperos.
o escaparate das utopias
Autor: António Tê Santos on Monday, 14 March 2022a alma infla com as coisas subtis que a trespassam e que a fazem espirrar os meneios danosos da vida: ela arrepela-se diante das rudes asserções que colhe desde o fulcro da sua solidão.
o escaparate das utopias
Autor: António Tê Santos on Sunday, 13 March 2022há vislumbres de grandeza que decaem das utopias para as nossas ambições; há méritos que nos recusam mas que nós encaixamos no nosso tirocínio; há tabus que repelimos para originar um universo melhor.
Fobia Social
Autor: Reirazinho on Sunday, 13 March 2022Enclausurado pelo medo insalubre,
sentenciado em prisão domiciliar.
Acusado pelo frio na espinha:
Multidões me deixam doente.
Não desisto das coisas, não mesmo,
mas acontece que não há sossego;
Minha alma vai a cem por hora,
na contramão d'rosa que aflora.
Um jardim tão lindo me espera,
mas o buque de flores me enterra.
O medo de enfrentar é uma enchente,
E minhas lágrimas dão mar sofrente.
Todos na vida debruçam em potência,
enquanto o solitário, sangra clemência.
Aqueles que pertencem à noite
Autor: Reirazinho on Sunday, 13 March 2022Um espírito escuro está rondando
Os degraus do local insólito
Rugidos melindrosos crescem aos ouvidos
O inferno quer devorar a maldita alma
Neste hospício as vozes me enlouquecem
Não há nada além dos cantos que fenecem
Obscura chance de fugir, torrente sorte
Enclausurada na parede torpe
AFOITO
Autor: FERNANDO ANTÔNI... on Saturday, 12 March 2022
afoito no asfalto
na rua de ondas desiguais
pareço-me com o idílio
das pedras horizontais
que não se despedem do ermo
do plano remoto
estoico
(dos videntes sem tarjas
sem vislumbres e calabouços)
que me cala a saliva dos olhos
encoberto pela selva salva
descoberto na relva áspera
como um totem nu
silente/emergente
nas têmporas errantes
-de quem?