Atualidade

Atualidade

Hoje, não desejo me encontrar
Com todas as ruas da minha infância
são ilusórias há algum tempo!
A padaria já não produz um pão quentinho
pois o imóvel deu lugar
a um imensurável arranha-céu
antes não fosse uma narrativa atual, sincera

O CONTRAPONTO DO PONTO CARDEAL

O CONTRAPONTO CONTRITO DO PONTO CARDEAL

CONTRAI O SISTÊMICO ÓCIO DO POLO NORTE

O CALCANHAR DAS CADELAS ANÊMICAS

CORRÓI O OSSO DO ANTÍLOPE ABATIDO

OS CANTOS DOS LÁBIOS DA TENOR LÍRICA

SUSPIRAM POR BEIJOS NÃO DADOS AINDA

VOLTA E MEIA VEJO E ANSEIO

O PUDICO SEIO DESTE VENTRE

Ainda sobre o amor

Ainda sobre o amor

O amor é esteio, enfrenta a tempestade
mas tem lágrimas valente
convive entre a mesquinhez
desenfreada do mundo
sai ileso, perfeito

Mas a vida é como
cobertores perdidos
com o gozo enrustido
em tempos de frieza humana
sem o perfume do amor

O amor faz presença dos pés à cabeça
mesmo com a timidez operante
labaredas em baixa, diminuto fogo

Não é destino velho

Não é destino velho que hoje
Sou poeta,
Mas porque não luto com o sentir
E me deixo viver.

A quadra é meu tormento, terceto
A doce solidão,
Se com rima já tão dói, sem ela
Amargura é refresco.

No papel flutuo como terra batida
Deixada à sorte.
Escolho manter a cortina de poeta
Que já soube não fingir.

Grafia

A cada conto que é declamado,
Um novo Linear de segredos
E resoluções é encriptado
Para encontrar esses de destinados.

Sarcófagos da cegante paixão,
Rodas do turbulento sentir,
Se amas uma flor, no coração
Ela mora e na terra a deixarás florir.

A memória da lírica no lírio,
Cujo pólen perfumou o meu ser,
Cavaleiro do amor, não é nenhum martírio
A favor do teu sentimento distante viver.

DELÍRIO

no solstício das aves

se vestem as asas das flores

e o colibri plana soberbo

entre aspides e sereno

o úniverso se mantém estável

apesar de seu iminente colapso

meus olhos degustam as pálpebras

entre uma procissão de precipícios

-só me resta o delírio do mar

para domar o rio que flui em mim

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