introduzo-me nos arquétipos humanos para combater as suas palestras falseadas; os seus suplícios dissecados por aqueles que os pretendem remediar; as grandes ovações geradas pelos seus espetáculos degradantes.
aboli a paixão para surgir imune aos seus destemperos e aos seus resguardos impostores; aos seus epílogos trágicos e às suas máculas duradoiras; às manifestações amarguradas que provoca.
recolho a candura do mundo para dilatar a bondade que ele possui; para enaltecer os seus rumos modelares e os seus cristalinos procedimentos; para confrontar a malvadez abrangente; para requerer a invenção duma existência fascinante.
deslumbro-me com as utopias que introduzem no mundo a sua sublimidade: com as viscerais inovações que elas carregam até ao púlpito onde discursam os sábios; com a sua persistência em reformar a usual compreensão.
acelero contra a mesquinhez e a impostura que desvairam a humanidade: executando um bailado intelectual que ultrapassa os arquétipos mundanos; expandindo um olhar penetrante que se introduz nos temas banais.
o lazer transmite-me a serenidade de que careço para redigir poesia: retroagindo às afeições extraviadas da minha infância; expondo as condutas malévolas das pessoas; divulgando as mensagens incisivas que organizo.
robusteço uma esperança que inibe os sintomas desregrados do mundo que percorri; transporto na bagagem ensaios que apaziguam o meu sofrimento; evoluo como uma pessoa sensível no tablado da integridade.
habito na gruta da solidão onde reflito como um mocho ensimesmado; como um rei destituído por onde circula a seiva dos seus anos pujantes; como um arlequim reformado que prossegue o seu labor através da poesia.