Iceberg

Rabisco um poema

E escrevo no próprio coração

Sinto que escrever é como estar despida

Em alto mar ou numa constelação

Procuro a parte submersa

Do meu iceberg interior

Esse pedaço de alma esquecido no mar

Lapida-se na água

Como joia deixada no sepulcro.

As fagulhas das arestas brancas

Competem com as do sol

E com os sonhos de cristais

Da sereia triste

O firmamento perfuma-se de estrelas

E as nuvens correm por um céu mais cálido

O meu iceberg sobe

Mas afunda-se de novo

Flor de lótus

Flor formosa

singela e deslumbrante

Inspiração divina

Símbolo de espiritualidade e pureza

Teu perfume é a essência do amor

Perfeição, sabedoria e paz

Bela Flor que emerge em sujas águas

Águas turvas e estagnadas

Tua raiz está na lama,

Teu caule na água e tua flor ao sol

Tuas oito pétalas

São o símbolo da harmonia cósmica

És história, poesia e vida

Flor imaculada que desabrocha sobre a água

em busca de luz

Flor sagrada para os povos do oriente

Flor que estás tão perto de mim

Filhos da guerra

Crianças órfãs do futuro

Sem berço, sem amor

Feridas, maltratadas,

Confinadas, raptadas,

Violentadas …

Recrutadas para lutar

Maldita guerra!

Atroz calamidade

Crianças privadas de alimentos

De água, de abrigo

Vítimas vulneráveis

Sem aconchego sem lar

E vem o Desespero de mãe

Que coloca seu filho

Em navios amontoados

De gente aterrorizada

Na esperança de um mundo melhor

E no mar…

Sua superfície ondulante pode salvar

 Mas nas suas profundezas ocultas

Estrelas no coração

Uma estrela cadente

Caiu do teu coração

Pousou nos meus olhos

Em forma de oração

Só quem ama

Tem a capacidade

De entender as estrelas

Elas vivem secretamente

Em almas enamoradas

Pousam ternamente em teu olhar

São estrelas encantadas

Os versos que se leem nas entrelinhas

Fazem ninho e aconchego

Procuram abrigo num mundo inventado

Fantasioso fecundo e trôpego

E a poesia é orvalhada de ternura

A lua é testemunha

Deste amor que ainda perdura!

 

Esperança

Ingrediente indispensável à vida

Um sonho feito de despertares

Um empréstimo que se pede à felicidade

É o sonho do homem acordado

Um alimento da alma

É o desespero superado

Esperança

É a dor em poesia

É a promessa eternamente suspensa

Diante dos olhos que choram

E do coração que padece maresia

Esperança...

Um sonho feito de despertares

Calmante que a natureza concede ao ser humano

Angústia dos instantes de dúvida

Certeza nos momentos de fé

Esperança

Dezembro

O vento espalha as folhas pelo chão

O sol desmaia com frieza

Chegou dezembro

Um manto branco

Cobre a terra, os campos, os vales

As ruas enchem-se de luz

Cor, vida e alegria

Terna mutação da natureza

Onde o amor e a amizade

 se encontram em poesia

O rosto dos transeuntes

Que se deslocam pelas ruas iluminadas

Recebe o beijo frio da estação

Soam cânticos na cúpula

É tempo de lembrar aquele menino

Que sorria nas palhinhas

Iluminado pelo olhar doce de Maria

Compasso do amor

O doce mel

Rodopia por entre os versos

Ao ritmo de uma paixão

Momento delicado de duas almas

Em subtil dedicação.

A poesia faz-se presente

E alinha sentimentos

Em total veneração.

Neste compasso do amor

Há jardins perfumados

Onde chilreiam os pássaros

Em corações apaixonados.

Compasso do amor

Que embriaga corações sensíveis

De carinho galanteador

Incendeia o Brilho do olhar

E a um ritmo cardíaco descompassado

Faz a respiração parar

Chegaste aos 30

Escrevi uns versos para ti, sorrindo

Às tuas 30 alvoradas de março

Mulher madura, mulher menina

Aqui tens o meu abraço!

Mesmo sendo mulher madura

Teu lado de menina não o deixes morrer

Lembra-te que é a força interna

Que nos faz rejuvenescer

Cada fase tem seus encantos, sua magia

E chegar aos 30, é poesia!

Que possas conquistar e desfrutar o mundo

Com o aroma suave das flores

Passar da reta à curva do amor

Pintar o arco iris com todas as cores

Espelhos de cristal, te tornaram deslumbrante

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