Laranjeira

São dez lâminas a apontar. São dez braços bronzeados a me levantar. São paredes esponjosas salpicadas de cor, terminadas ao fim em cambiantes mais maracujádos, num anel cingido por sobriedade. E depois dele, a brancura adentra faz-se tão virgem quanto terra que não desvirginou. E sou eu o escolhido a sacrifício. Caminhos, mundos, estórias incluídas sob meu rosto inchado na aparência da gota que cintila à plenitude da luz granulada pelas águas frias nas ondulações do horizonte, que dá vontade de brincar bicicleta, ao lado da folhinha caída; quebradiça nas arteriosas.

Agonia

Sensação,
de que tudo é vão,
somente o olhar,
que não olho,
o sentir,
que não sinto,
tolda uma razão,
aquela que do mundo,
é perdição.
Perdido, grito presente,
consciente, faço-me entoar,
um verbo fingido,
dum estar.
Um engano,
um pranto negro,
num olhar brilhante,
que atenua a cada dia,
em enredo cessante.
É assim, um som,
um toque, uma criança,
um esvoaço dum olhar,
dum sentimento,
exasperar,
dum estado sem teoria,
para um respirar,

A sofrência dos inconformados

A sofrência dos inconformados - (Não leia esse texto se você toma Fluoxitina diariamente)

- AVISO: Proibido para menores.
- Pros sem estômago também, literatura ácida.
-
-
Seu partido é "A"? Puta que o pariu para ele.
Não? Seu partido é "B"? Puta que o pariu para ele também.
Não? Seu partido é "C"? Puta que o pariu para ele também.
Não? Seu partido é "D"? Puta que o pariu para ele também.

RELATIVO E ABSOLUTO

Relativamente incluímos
E excluímos; absolutamente
Só incluímos, limitações
Desaparecendo totalmente.
.
Mestra(e) e discípulos(as) se completam;
Absoluta e relativo se
Completam; número e palavra
São a mesma, bela, rica lavra.
.
Relativo é o tempo, absoluta
A eternidade; relativos são
O vencer, o perder, absoluta
É s felicidade, a satisfação.
.
Ar e nós nos movendo, nos enchendo
E esvaziando plenamente,
Puramente vamos bem vivendo
Relativa e absolutamente.
.

Manifestação

Para que a “última” manifestação interior seja – ainda mais – verdadeiramente sentida, é preciso primeiro deixar-se ser parte essencial em algo que o faça. E sinto que, que o quê o faz, sejam também floreios evaporados através duma boa dose. Eu, que quando sou só nada, ainda persisto completo; preenchido. Completo, porém, sei que sou, quando dentro das estrelinhas derramadas nas luzes, e conhecendo isso, nada, porém, sinto não ser, pois me vejo sendo mais a cerca das minhas emoções alteradas; violentadas; desvirginadas; impuras; imprudentes; incertas.

Voltou de novo...

Voltou tudo de novo.
Não sei o que o destino dez,
Mas tudo acabou.
Não quero voltar a fazê-lo outra vez.
Não quero amar.
Não quero fugir.
Se o passado voltar
Vou saber mentir...

Perguntei-me:
-Que fiz eu?
Onde foi que errei?
Que diz a Deus?

Talvez a culpa fosse minha
Pelo meu jeito possessivo,
Tinha a mania
Que o amor fosse agressivo.

Pelo menos não posso dizer
Que não fui feliz
Porque o fui a valer
Pena este final infeliz...

(NÃO)AGITAÇÃO

Calma, serenidade

Na agitação,

Não intoxicação,

Felicidade.

.

Equilíbrio: simples versus

Complexo, alternação,

Complexo versus

Simples…

.

Não manipulando,

Nunca deixando

De ajudar um ser

Em aflição.

.

Compreendendo e sendo

Compreendidas(os);

Agindo, falando

E deixando agir.

.

Agindo e não agindo; primordial,

Actual e futuramente; independente

E interdependentemente; atemporalmente,

Que é tudo, todos(as) sempre presentes.

Minuto

Minuto, após instante,
o depois, o agora, o antes,
perdem-se na insignificância de um sentir,
o ficar, o ir, o partir, dormência ausência,
sonho fusão, onde tudo se perde e acha,
numa ilusão.
Num voo perdido, o rasgo das asas,
temor em escuridão, onde o dia se acorrenta,
em cego grilhão.
Coração que bate, em cristais de gelo,
pautando o desnudo, dum eterno selo.
Renasço para morrer,
e suavemente pauto o silêncio,
num vislumbre de um novo ser.
Noz que quebra, que respira,
que pressente a semente,

Sofrimento

Vôo. Estendo as mãos, às dores deste cansaço. Impulsiono-me. Cada vez mais regresso aos questionamentos, sem respostas, neste caminho, "só". Lanço às sombras, minha sede, minha fome, meu querer sem saber. Ansiando uma parte de mim aos olhos do redentor. Ah praga... Ah dor... Ah sofrer. Almejaria soltar-me em um lugar qualquer, a que o novo dê-me sustentação, ar, alívio. Não dor, não condenação. Cinjo minhas esquecidas mãos, meus reais sentimentos, meus verdadeiros pensamentos, e os meus preceitos, e nos meus acertos, encontrar-me-ei num equilíbrio.

Pages