Affirmações religiosas
Ó meus queridos! Ó meus S.tos limoeiros!
Ó bons e simples padroeiros!
Santos da minha muita devoção!
Padres choupos! ó castanheiros!
Basta de livros, basta de livreiros!
Sinto-me farto de civilisação!
Rezae por mim, ó minhas boas freiras
Rezae por mim escuras oliveiras
De Coimbra, em S.to Antonio de Olivaes:
Tornae-me simples como eu era d'antes,
Sol de Junho queima as minhas estantes
Poupa-me a _Biblia_, Anthero... e pouco mais!
No mar da Vida cheia de perigos
Mais monstros ha, diziam os antigos,
Que lá nas agoas d'esse outro mar.
O que pensaes vós a respeito d'isto,
Ó navegantes d'esse mar de Christo!
Heroes, que tanto tendes que contar?
Chorae por mim, ó prantos dos salgueiros,
Pois entre os tristes eu sou dos primeiros!
Lamentos ao luar, dos pinheiraes,
E vós ó sombra triste das figueiras!
Chorae por mim ó flôr das amendoeiras
Chorae tambem ó verdes cannaviaes!
E quando emfim, já farto de soffrer
Eu um dia me fôr adormecer
Para onde ha paz, maior que n'um convento:
Cobri-me de vestes, ó folhas d'outomno,
Ai não me deixeis no meu abandono!
Chorae-me cyprestes, batidos do vento...
1897.