Ainda há tempo

Pausa nas atividades e contemplando a morte (ou possível morte).
Uma pessoa na qual faz a diferença
hoje visitou o hospital,
viu provavelmente tua vida passar aos olhos,
e a família vê o anjo da esperança guardando-a.

É-me semelhante: próxima do caixão está partindo (ou não)
uma pessoa de laço e alma;
Todas essas saturninas desgraças me conjugam,
pedem-me lágrimas e desesperos contínuos.
Se a vida do poeta é essa, não poetizar quererei,
juntos aos ratos do esgoto escondo-me.

Neste insalubre e imundo esconderijo, vivo,
aqui não enfrento os meus demônios:
Não queria admitir, mas um ‘’eu te amo’’
jamais fora sequer vibrado nas cordas vocais.

Cantei versos, cantei almas, ou sei lá o que cantei,
mas uma sentença simples jamais fora cantada,
e essa música faz uma complexa diferença.
Tenho que cantar a ti as últimas palavras,
tenho que escrever sobre mil chicotadas no meu corpo.
Tenho que repetir a vós o quão amável és,
mas antes disso, devo (ou deveria) orgulhá-la.

Desculpe-me! Perdoa a quem não é digno de perdão!
Perdoe quem odiou a ti ou ignorou nas febris
noites de decepção, perdoa-me, pois há tempo!
A vida, e as coisas ensinam, o tempo devora,
seca o corpo e nossas alegrias, seca o Eu te amo.
Se fores partir, espero molhar-me de amor,
ao próximo, a mim e a ti, mas antecipadamente (ou não)
Eu gostei da tua presença e de saudades viverei…
 
 
 
 

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