Alma despida.

Alma tão despida que trago comigo.

Alma amarrotada, enxovalhada e torturada.

Alma dependente de uma vida contigo.

Senti na pele o que era ser amada.

 

Amei como jamais alguém amará.

Vesti-me de sol, fiz-me de lua.

Dei-te minha alma, agora nua.

Perdi-me na imensidão da rua.

Escrevi nas paredes "sou tua".

 

E hoje de ninguém sou,

o coração que um dia amou,

em pedra se transformou.

Pergunto-me agora, para onde vou?

 

Caminho, mas o chão já não é certo.

Falo de tudo, mas nada consegue ser correto.

E acarreto, todos os demônios que prendi.

Trago às costas o peso de quem me servi.

E só eu sei, a dor que eu senti.

 

Perdição amaldiçoada, desperto da alvorada.

Sinto tudo, mas já não sei de nada.

Silêncio constrangedor, mágoa de um amor.

Agora o vento sopra, e eleva-me no dissabor.

Que vida cruel, tudo pintado sem cor.

 

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Comentários

Gostei do poema. Intenso, sentido. Muito bonito.

Cumprimentos,

João Murty