ALVORADA

Algures brilha o sol no azul do firmamento,
      E expõe com resplendor das cousas o espectaculo!
      Aqui, na escuridão, o mundo é tabernaculo
      Onde os frageis mortaes descançam um momento!...

      Alem, o Sol incita o mundo ao movimento,
      Á lucta pela Vida, o esteio e o sustentaculo
      Desde o ser da Rasão ao minimo animaculo,
      Aqui, o somno esparse em todos novo alento!

      Ó Luz! tu és do mundo a Força, a Alma, a Vida,
      A essencia do meu Ser, a minha propria Ideia,
      O proprio Deus, talvez!... _Belleza, Amor, Verdade!_

      Atraz de Ti caminha a Terra, mãe querida!
      Bemdito caminhar! Por Ti minha alma anceia!...
      Bemvinda sejas, pois, oh doce claridade!

Lisboa, 1898.

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