AMOR E PROVIDENCIA

      Em quanto eu, alta noite, velo e lido,
      Por vós mantendo innumeros cuidados,
      Dormis, caros filhinhos, socegados
      Em torno a mim o sonho appetecido!

      Dormis?! sonhaes de certo... e eu pae envido
      Meus esforços por vêr realisados
      Vossos sonhos gentis e perfumados:
      Ampara-vos um peito estremecido.

      Outro Alguem faz por nós o que eu vos faço:
      Com suprema bondade e sapiencia,
      Rege os mundos que rolam pelo espaço!

      Esse Alguem é o Amor por excellencia,
      O formidavel e invisivel braço,
      E o olhar que nunca dorme==_a Providencia_==!

Lisboa, 1885.

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